30 de agosto de 2008

"Não agüentamos mais!' 'Nós queremos é sair!'

Associação de Moradores do Piquiá *

Fonte - Adital
'Quem vai nos ajudar a sair daqui? Estamos esperando a ajuda do Município, do Estado, de Deus! Nas siderúrgicas ninguém confia mais: nunca se fizeram presentes...`
São algumas das colocações do povo de Piquiá de Baixo, município de Açailândia, MA. Há dois anos e meio, 21 famílias entraram na justiça com ações individuais contra a siderúrgica Gusa Nordeste, pela poluição do ar e da água que as pessoas estão sofrendo.

A Gusa Nordeste é somente uma das 5 siderúrgicas instaladas desde 1988 na região de Piquiá de Baixo, próximas ao pátio de descarregamento de minério da Vale, outra responsável pela poluição do brejo.

Mais de 300 famílias moram no bairro de Piquiá de Baixo, muitas moram no lugar há 30 ou 40 anos, bem antes que as siderúrgicas se instalaram. A luta das 21 famílias, portanto, foi logo assumida por todas as outras que moram nos arredores e que querem envolver na discussão a administração pública, o governo do Estado e as 5 empresas, Gusa Nordeste, Simasa, Pindaré, Viana e Fergumar.


As famílias estão organizadas através de uma associação de moradores, muito ativa, e são assessoradas pela Paróquia São João Batista e o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia.

O povo está coordenando-se, discutindo e avaliando propostas e encaminhamentos, além de acompanhar o processo das 21 famílias, que deverá encerrar-se com uma decisão antes do fim desse ano.

No entanto, o movimento está recolhendo documentação e discutindo com profissionais e instituições de grande credibilidade, no sentido de ampliar o apoio as justas reivindicações de direitos desta comunidade.

Nesse sentido, no dia 23 de agosto de 2008 realizou-se o primeiro seminário 'Piquiá pede socorro', com a participação de mais de 100 pessoas entre moradores e membros de outras comunidades de Açailândia, solidários a essa luta.

O seminário teve a assessoria do biólogo Ulisses Brigato, professor da UEMA de Imperatriz, que meses atrás entregou aos juízes da Comarca de Açailândia um laudo sobre a poluição das siderúrgicas na região. A participação do Promotor de Justiça da Comarca, Dr. Marco Aurélio Fonseca Ramos, reforçou a luta popular na sua busca pelos direitos coletivos e orientou o povo nas muitas perguntas que foram levantadas.

O ciclo de mineração, transporte do ferro, siderurgia, queima do carvão, monocultura e corte dos eucaliptos traz trabalho para nosso povo, mas também poluição, desertificação, urbanização desregulada e, infelizmente, ainda hoje trabalho escravo e desmatamento de árvores nativas.

As siderúrgicas e a Vale estão lucrando muito em cima dos recursos da terra e do povo; a situação de miséria, doença e precariedade de muitas de nossas famílias contrastam com o dinheiro que a cada dia entra no bolso dessas grandes empresas. O descaso para com a população é total.

Mas, a organização popular está crescendo e a pergunta roda: 'Quem é responsável por tudo isso? As siderúrgicas? A Vale? O Município? O Estado? ...O povo?!'


* Paróquia São João Batista. Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia - Maranhão

27 de agosto de 2008

Brasil - Riquezas: Nossas ou deles?

Fonte - Adital
O Pará é o lugar mais importante para a estratégia da Companhia Vale do Rio Doce. Já é hoje e será ainda mais no futuro. Essa importância está presente em todos os discursos. O Estado sabe qual é a parte que lhe cabe nesse bolo? O que lhe caberia se tivesse mais poder sobre essa partilha?
A Companhia Vale do Rio Doce investirá o equivalente a 59 bilhões de dólares (em torno de 100 bilhões de reais) nos próximos cinco anos, dentro e fora do Brasil. Poucas empresas no mundo podem apresentar um plano qüinqüenal desse porte. Como a Vale atua em todos continentes, marcando presença em vários países, o fato de reservar US$ 20 bilhões ao Pará (quase 40% do total) mostra a importância do Estado na estratégia da companhia.


O valor não inclui os US$ 5 bilhões anunciados na semana passada pelo presidente da Vale, Roger Agnelli, para a implantação de uma usina de aço em Marabá. Se quisesse repetir que a Vale se propõe a fazer em cinco anos, o governo do Estado teria que investir durante 60 anos para chegar ao mesmo valor, o que dá uma medida da relação de forças entre as duas partes em matéria de investimento.

São números tão grandiosos que é difícil dimensioná-los, compreendê-los e interpretá-los. A mesma grandeza que proporciona discursos ufanistas pode dar causa também a constatações melancólicas. Dos US$ 20 bilhões que o Pará receberá da Vale entre 2008 e 2012, exatamente a metade se destina à abertura da mina de Serra Sul, que irá produzir 90 milhões de toneladas anuais de minério de ferro. Ela tem quase o mesmo porte da mina de Serra Norte, em atividade crescente há quase um quarto de século (e que, em outubro do ano passado, acumulou um bilhão de toneladas extraídas do subsolo paraense).

Quando o primeiro trem de minério saiu de Carajás, o tamanho máximo então previsto para a mineração era de 25 milhões de toneladas. Com Serra Sul e Serra Leste adicionadas à Serra Norte, a expansão será de quase 10 vezes. O trem de minério de Carajás é hoje o maior do planeta. Todos os dias, mais de 200 mil toneladas do minério com qualidade sem igual na Terra são escoados por esse trem; 60% dessa carga se destinam à China e ao Japão, situados a mais de 20 mil quilômetros de distância.

Em 2012, Carajás, sozinha, estará produzindo mais minério de ferro do que os Estados Unidos no pós-guerra. A escala de produção poderá exaurir, em no máximo 150 anos, jazidas que deviam durar 400 anos. A pergunta que se deve fazer diante dessa grandiosidade é: ela realmente interessa ao Pará? O Estado recebe uma compensação compatível com a exaustão do mais rico depósito de minério de ferro que há na crosta terrestre? E a sua forma atual de exploração é o que de melhor os paraenses podem conseguir no processo de transformação da matéria prima?

Para responder a essas perguntas, cada vez mais incômodas, a Vale preparou a grande festa do dia 14, em Barcarena, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da governadora Ana Júlia Carepa e de várias outras autoridades federais e estaduais. O momento de destaque foi o anúncio do projeto da aciaria de Marabá. O presidente da Vale fez questão de destacar que os US$ 5 bilhões exigidos por esse investimento não faziam parte do planejamento qüinqüenal da companhia. Foram a ele adicionados em função das queixas e reivindicações transmitidas nos últimos tempos à Vale pelo presidente e pela governadora.

Finalmente, a Vale se convenceu da função colonial que desempenha no Pará e decidiu corrigi-la? A empresa diz que não irá mais exportar apenas produtos primários (como os minérios) e insumos básicos (como alumina e alumínio): ela dará um salto no pólo siderúrgico. Passará por sobre o ferro gusa (do qual tem uma fábrica em Marabá) e a placa de aço (cujo projeto, gravitando entre o Maranhão e o Pará, jamais chegou a definir) e entrará diretamente na laminação do aço.

Ao invés de embarcar peças brutas em navios para serem reelaboradas no país do comprador, a Vale poderá oferecer chapas de aço aos que se dispuserem a se instalar em torno de Marabá para produzir dormentes, tubulação, estrutura metálica ou, quem sabe, até vagões ferroviários, dos quais a própria empresa é grande compradora, tanto internamente quanto no exterior.

Mas ela não esperará pelo aparecimento de possíveis sócios para iniciar a nova usina. Essa era a sua regra de ouro em qualquer coisa que não fosse a mineração. Alegava que não podia avançar na cadeia produtiva para não entrar em conflito de interesses com os compradores do seu minério, que fazem o beneficiamento da matéria prima. Por enquanto, a Vale será a única proprietária da Aços Laminados do Pará, a razão social da nova empresa. Por isso mesmo, avançará com cautela. Dos US$ 5 bilhões anunciados, só US$ 3,3 bilhões serão aplicados inicialmente, para produzir 2,5 milhões de toneladas. A duplicação da produção, com mais US$ 1,7 bilhão de aplicação, dependerá de haver parceiro e mercado.

É claro que o ingresso de novos investidores terá de seguir as regras que a Vale estabelecer. Ela é a dona exclusiva do minério, tem a maior fábrica de gusa da região e fechará o primeiro círculo do beneficiamento com o aço. Assim, afastará os grandes concorrentes da mais importante mina de ferro do mundo. Talvez para que suas palavras ecoem mais longe do que no auditório paraense, Roger Agnelli usou uma metáfora nada sutil: que o dinheiro que sua empresa aplicará nos próximos cinco anos tem o tamanho de uma RTZ.

A multinacional anglo-australiana quer expandir sua presença no setor e começou a desenvolver um projeto de bauxita de US$ 2,2 bilhões em Monte Alegre. É esse também o intento de outra das grandes, a Anglo American, que usou Eike Batista como ponte para se estabelecer no Amapá. A Anglo, que cometeu um erro ao se ausentar de Carajás vendendo sua parte na Salobo (ver Jornal Pessoal 423), desenvolve um novo projeto na jazida de níquel do Jacaré, localizada a noroeste do Onça-Puma, que deverá ser a primeira a produzir.

Os altos preços alcançados pelas commodities minerais atiçaram os planos de expansão de todas as mineradoras, que entraram numa competição furiosa. Mas agora elas deverão começar a experimentar a descida dos valores para patamares mais ajustados às séries históricas. Podem continuar relativamente acima da média, mas não tanto como nos cinco últimos anos, durante os quais a fome da China desequilibrou todas as previsões. A própria Vale já experimentou os efeitos dessa tendência. Seu lucro líquido no primeiro semestre continuou recorde, mas a tendência não é mais para o alto.

Qual a alternativa então? Produzir em quantidades ainda maiores para manter o fluxo de caixa. Carajás, que já bateu na marca de 100 milhões de toneladas de ferro, é o exemplo mais visível. Mas os convidados para a festa de Barcarena testemunharam outra façanha: em pouco mais de 10 anos a Alunorte quase quadruplicou a sua produção de alumina (insumo para o metal de alumínio), passando de 1,6 milhão de toneladas em 1995 para 6,3 milhões com a inauguração da sua terceira expansão, no dia 14, que confirmou a sua posição de a maior refinadora do mundo.

Não só a Alunorte pode continuar a crescer em alumina: Agnelli confirmou no ato mais uma associação com a norueguesa Norsk Hydro, que já atua com a Vale em bauxita no Trombetas e na própria Alunorte. Será para uma nova usina em Barcarena, a ABN (Alumina Brasil Noruega), que ultrapassará a escala de sete milhões de toneladas. No momento em que a nova planta for concluída, Alunorte e ABN serão responsáveis por quase 30% da alumina do mercado internacional.

O cobre, o segundo produto mais eletrointensivo depois do alumínio, segue no mesmo ritmo. As cinco minas de Carajás (Sossego, que já funciona, Salobo, em obras civis para começar a produzir em 2010, Alemão, 118 e Cristalino) poderão praticamente dobrar a previsão de produção para 2012. Ela era de 592 mil toneladas e poderá chegar a um milhão de toneladas.

Essa voragem expansionista não tem fim? Nem tanto, ao que parece. Agnelli também comunicou, uma semana antes, que a Vale deverá sobrestar a implantação da fábrica de níquel do Vermelho, em Canaã dos Carajás, com investimento de US$ 1,5 bilhão. Alegou que a queda do preço do níquel (para US$ 18 mil a tonelada), depois de bater no pico de preço de todos os tempos, em US$ 55 mil a tonelada, recomenda a retração. Mas se queixou também de que a secretaria estadual de meio ambiente analisa o licenciamento ambiental há três anos sem uma conclusão, prejudicando os negócios. Por isso, a empresa manterá apenas o projeto de níquel do Onça-Puma, que deverá começar a funcionar no primeiro trimestre próximo ano, e talvez outro empreendimento menor, no Piauí.

A questão é mais complexa do que parece. Há um problema tecnológico e comercial com o minério do Vermelho. Ele é oxidado e não garnierítico, como os demais, que entram na produção do ferro-níquel. Será necessário criar uma nova tecnologia para o seu aproveitamento, como aconteceu com o cobre de Salobo (contaminado por flúor e muito duro). Além de onerar os custos, essa característica limita os compradores potenciais. No Brasil, só há um cliente desse níquel para aços oxidados. O grosso da produção terá que ser exportado.

Mas não só por isso. A Vale herdou da Inco, a empresa canadense que adquiriu em 2005 e que é a segunda do setor e tem as maiores jazidas do mundo, um projeto do mesmo porte em Goro, na Nova Caledônia, no Pacífico Sul, também de níquel garnierítico, que deverá entrar em operação até o fim do ano. Já em sua configuração de multinacional, a Vale parece mais empenhada no negócio do exterior do que no Pará. Conseqüência da vontade da empresa brasileira ou resultado da preponderância da corporação canadense?

A Vale arma suas decisões e opções nesse quadro maior de interesses que atravessam os continentes. Já o Pará, que vai se consolidando como a principal base física das riquezas exploradas pela companhia, não consegue nem formular uma estratégia para acompanhar a Vale nos limites do território estadual. Enquanto entrega ao presidente e à governadora o projeto da aciaria de Marabá, como uma resposta às pressões dos dois homens públicos em favor de maior grau de beneficiamento das matérias primas locais, a Vale pressiona para a liberação de obras de infra-estrutura - suas e do próprio governo - que estão associadas aos seus negócios.

A usina de aço só se viabilizará se houver um novo porto em Vila do Conde para receber o coque oriundo do exterior. Para chegar à planta industrial, o coque precisará da hidrovia do Tocantins, que só se tornará operacional com as eclusas de Tucuruí e o derrocamento entre Tucuruí e Marabá. O custo desses serviços para a União, de 600 milhões de reais, era considerado inaceitável até aparecer o interesse da Vale. Enquanto era "apenas" para desenvolver a região, não sensibilizou os tecnoburocratas de Brasília.

Não só isso: a aciaria precisará de energia, que já não há em disponibilidade na usina de Tucuruí. Logo, a Vale terá que construir sua térmica de Barcarena para 600 megawats (o que daria para abastecer de energia todo Pará, excluída a Albrás) e usar o carvão mineral importado. Ou seja: o governo precisa fazer sua parte para enfrentar e superar todas as resistências provocadas por esse tipo de empreendimento, muito criticado pela poluição que acarreta.

Esse planejamento está dando certo. No primeiro semestre a receita de exportação do Pará foi de US$ 4,5 bilhões, graças aos minérios e seus derivados, que respondem por mais de 85% do total da pauta. O saldo de divisas proporcionado pelo Pará, de US$ 4 bilhões, foi o segundo maior do Brasil, superado apenas por Minas Gerais. Mas o Pará é apenas o 22º da federação (que possui 27 unidades) em desenvolvimento municipal, segundo o índice Firjan (da Federação da Indústria do Rio de Janeiro). Belém, o primeiro município do Estado em IFDM, é o 521º no ranking nacional. Barcarena, onde estão a Alunorte e a Albrás, é o 2º no Estado e o 646º no país. Canaã dos Carajás, o município mineral que mais prosperou nos últimos tempos, é o 3º no Pará e o 1.113º no Brasil. O município mais pobre do Pará, Bagre, só está à frente de outros 16 no total de 5.564 municípios brasileiros.

Essa realidade, para a qual a Companhia Vale do Rio Doce contribui decisivamente, como a maior empresa do Estado, com capacidade de investimento muito maior do que a do próprio Estado, poderá ser modificada a partir de agora pela nova postura que a Vale anuncia? Esta é a questão, que cabe aos paraenses formular e responder.

Não é à toa que em solenidades como a do dia 14 há uma torrente de números, declarações e promessas. É uma grandeza que confunde e anestesia o público, desacostumado a destrinchar tantos nós atados na teia dos discursos ufanistas. E é assim que a caravana da exploração das riquezas do Pará passa. E depois que ela passar, o que ficará?


* Jornalista

O clamor pela Conferência de Comunicação

Altamiro Borges *

Fonte - Adital
Diante da encarniçada resistência de setores do governo Lula em realizar a almejada Conferência Nacional de Comunicação, os arrojados baianos decidiram "chutar o pau da barraca". De 14 a 16 de agosto, em Salvador, cerca de 400 delegados eleitos e observadores de várias partes do estado realizaram a 1ª Conferência de Comunicação Social da Bahia. Como afirma Maurício Thuswohl, da Agencia Carta Maior, o evento "já faz parte da história da luta pela democratização da mídia no Brasil" e serviu de forte impulso para dobrar as relutâncias no interior do governo federal.
A "Carta da Bahia", aprovada na ocasião, apresenta várias propostas para democratizar os meios de comunicação e será encaminhada ao presidente Lula. "Sem a prática da livre produção social de conteúdo nas escolas, portais da internet, salas virtuais, jornais, revistas, cinemas, rádios e televisões, isto é, sem a democracia na comunicação, não nos produziremos como seres sociais políticos - cidadãos e cidadãs - capazes de pensar coletivamente e dialogar com os nossos representantes nas esferas e instâncias do Estado brasileiro", adverte o documento.


Monopólios de minorias privilegiadas

Numa perspectiva emancipadora, a Carta da Bahia também faz duras críticas à ditadura midiática no país. "Se nos for garantido o direito à comunicação, iremos assim quebrando paulatinamente os monopólios de minorias privilegiadas sobre os meios de comunicação de massa e combatendo os impérios oligárquicos regionais vinculados à propriedade privada sobre a terra e os meios de produção". Como parte deste esforço pela ampliação da democracia, na qual a democratização da mídia é parte indispensável, os participantes aprovaram por consenso a urgência da realização da Conferência Nacional de Comunicação, com etapas prévias em todos os estados brasileiros.

Ficou patente que só com muita pressão social e articulação política esse objetivo será alcançado. Afinal, as nove famílias que controlam mais de 80% dos meios de comunicação no país não irão abrir mão do seu monstruoso poder. "Com muito dinheiro, influência no Congresso Nacional e no Judiciário e donas de um poder de penetração no imaginário nacional capaz de fazer e destruir reputações (e governos) em poucos dias, essas empresas, ao menos por enquanto, encontram-se imunes às transformações democráticas que ocorrem no país", diz Thuswohl. Elas não aceitam "efetuar qualquer mudança nas atuais regras do jogo, dos quais são beneficiárias históricas".

"Questão de correlação de forças"

A derrota da ditadura midiática, como revelou o jornalista Carlos Tibúrcio, assessor especial da Presidência da República, depende da pressão social. Não será enfrentada pelo governo Lula. "É uma questão de correlação de forças. Enfrentar essa batalha depende de ousadia, como aqui da Bahia, mas depende, sobretudo, do acúmulo de forças", alegou. Neste sentido, o encontro baiano, assim como a petição que já circula exigindo a conferência nacional e o recente Fórum de Mídia Livre, são passos decisivos na luta contra a mídia hegemônica e seus agentes no governo. Serve de reforço aos que têm coragem e de alerta aos que se intimidam diante da oligarquia midiática.

O encontro baiano comprovou que é plenamente possível realizar uma conferência nacional, que respeite a diversidade de opiniões e atores sociais e aponte os caminhos para maior pluralidade informativa no país. Neste sentido, o governo da Bahia deu uma lição a Brasília, realizando uma parceria respeitosa com os movimentos sociais engajados na luta pela democratização da mídia. Para Robinson Almeida, secretário de comunicação de Jacques Wagner, "os historiadores, no futuro, irão registrar o que aconteceu no estado em agosto de 2008". Sem dúvida, a conferência baiana ajudou a quebrar o tabu de que a mídia hegemônica é intocável e está acima da sociedade.


* Jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB - Partido Comunista do Brasil

Maiores de 65 anos e as mulheres possuem maior mortalidade por tabagismo passivo


Fonte - Adital
Em meio às atividades do Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado no dia 29 de agosto, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) divulgou o estudo "Mortalidade atribuível ao tabagismo passivo na população brasileira". Por meio desse estudo, o Instituto chama a atenção para a quantidade de mortes causadas pela exposição passiva à fumaça do tabaco: a cada dia, pelo menos sete brasileiros morrem por doenças provocadas por essa exposição.
Os pesquisadores do INCA e do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) constataram que, pelo menos, 2.655 não-fumantes morrem a cada ano no Brasil por doenças atribuíveis ao tabagismo passivo. As mulheres constituem a maior parte desses óbitos (60,3%).

20 de agosto de 2008

Situação de Raposa Serra do Sol poderá ser decidida ainda este mês

Fonte - Adital
O anúncio de que o Supremo Tribunal Federal-STF deverá julgar, ainda este mês, a ação impetrada pelo Governo do Estado de Roraima contra a homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol está mobilizando indígenas e seus aliados. A situação é preocupante, de acordo com a Coordenação do Conselho Indigenista Missionário - Cimi, Regional Norte I, que abrange os estados do Amazonas e Roraima.
Na entrevista a seguir, a coordenadora, Edina Pitarelli, expõe o posicionamento da entidade em relação ao tema. Ela trabalhou em Roraima, de 2000 até o início deste ano.

Adital - Que conseqüências os arrozeiros trazem para as comunidades indígenas da RSS?

Edina Pitarelli - Eles são uma ameaça permanente às comunidades indígenas. Afrontam, intimidam, queimam casas, ferem os indígenas à bala e com bombas de fabricação caseira. Além disso, se apropriaram de uma área extremamente importante que são as beiras dos rios Surumu e Tacutu, onde praticam todo tipo de crimes ambientais. Os rios são fontes de vida para as comunidades. Deles tiram o peixe e nas suas beiras se localizam as únicas terras da Raposa Serra do Sol aptas para o plantio de alimentos. Com a presença dos arrozeiros não existe paz possível nas aldeias. Sua permanência significaria a reprodução da violência e a inviabilização da produção de alimentos em regiões importantes, considerando que a população indígena na área está crescendo 4% ao ano. Hoje, 50,02% da população da RSS têm menos de 14 anos de idade. Nesse sentido comprometeria a reprodução física e cultural dos povos indígenas de que fala o artigo 231 da Constituição Federal.

Adital - Um dos argumentos usados contra a demarcação integral da RSS é de que é muita terra para poucos índios.

Edina Pitarelli - Nunca é demais repetir que as organizações sociais dos povos indígenas são reconhecidas pelo Estado Brasileiro, que a União tem a obrigação de protegê-las. Esse direito foi uma das grandes conquistas constitucionais dos povos indígenas, até então considerados como categorias transitórias, condenados à extinção. Para que esse direito possa ser exercido é necessário que a declaração dos limites das terras indígenas se dê de acordo com o significado, a forma de utilização e a necessidade futura desses povos. Caso contrário, se estaria atentando contra a sua existência, contra suas identidades. No caso da RSS, é importante nos darmos conta que se trata do direito de 5 povos indígenas (Macuxi, Wapixana, Ingaricó, Taurepang e Patamona), 194 comunidades com uma população de 19 mil pessoa. Ainda que não se levasse em conta esses princípios, com a demarcação integral da RSS, que tem 1.700.000 ha e ocupa 7,7% de Roraima se garante terra a 21/% da população rural desse estado.

Adital - Onde então está o problema?

Edina Pitarelli - Raposa Serra do Sol deixa de estar disponível para o mercado capitalista, que tem como um dos seus pilares a propriedade privada. Já não pode ser comprada ou vendida. Deixou de ser mercadoria e objeto para a realização de lucro. Ela se contrapõe, por isso, à poderosas forças econômicas que tentam de todas as formas, desqualificar a luta dos povos indígenas e daqueles que os apóiam. Os setores do agronegócio e da mineração buscam de forma imediata, liberdade da ação na região. Para alcançar os seus objetivos traçaram cuidadosamente uma estratégia para confundir a opinião pública sobre os reais interesses em jogo.

Adital - O que sustenta as estratégias deles?

Edina Pitarelli - Pelo menos três argumentos são os mais utilizados: que a RSS, por se localizar na região de fronteira, significa um risco à soberania do país; que ela inviabiliza o desenvolvimento do estado de Roraima; e que com a sua demarcação os índios ficariam isolados. O fato de estar em área de fronteira em nada ameaça a soberania do país. Graças aos indígenas a fronteira brasileira foi preservada. Dizer, também, que inviabiliza o desenvolvimento é outra mentira. Os indígenas são uns dos maiores criadores de gado da região, com um rebanho de mais de 36 mil cabeças. Além disso, eles têm produção de suínos, aves e plantações de várias espécies.

Adital - Outro argumento bastante difundido pelos meios de comunicação de Roraima é de que somente o CIR quer a demarcação em área contínua. Como as outras organizações se manifestam?

Edina Pitarelli - Isso não é verdade. Desde que os indígenas passaram a lutar pela demarcação da terra, há mais de 30 anos, os seus opositores usaram de vários artifícios. Como não conseguiram parar a luta por meio da violência, passaram a divulgar mentiras e procuraram dividir a organização. Políticos, empresários, fazendeiros, militares e outros jogavam índios contra índios. Algumas organizações foram criadas com apoio destes grupos para contestar a luta pela área contínua. Mas, depois da demarcação, em 1998, e da homologação, em 2005, a maioria dos contras aderiu à proposta defendida pelo CIR.

Adital - Em Roraima, os meios de comunicação influenciam muito contra os direitos indígenas. Como o Cimi Norte I analisa essa situação?

Edina Pitarelli - Com muita preocupação. Os meios de comunicação deveriam estar a serviço de todos os segmentos, dando espaço para todos de forma isenta e imparcial. Não é isso o que acontece. Há vários anos, os grandes jornais, rádios e televisões têm sido usados para atacar os indígenas e seus aliados, alimentando, assim, o preconceito e o racismo. Houve uma ocasião em que um sujeito, em um programa de rádio, colocou-se à disposição para matar o bispo emérito de Roraima, Dom Aldo Mongiano. Muitas outras mentiras e calúnias têm sido divulgadas contra os índios e contra a Igreja Católica, que tem sido importante aliada na defesa dos direitos desses povos. Nos casos recentes, os meios de comunicação têm procurado mostrar que os índios agridem os fazendeiros, que são invasores de terra, quando, na verdade, a situação é inversa. No dia 05 de maio passado, dez indígenas foram feridos à bala e bombas caseiras e os meios de comunicação e políticos diziam que os índios tinham atacado os rizicultores. Só depois que uma grande tv divulgou as imagens do ataque é que a verdade veio à tona.

Adital - A decisão do STF pode afetar outras terras indígenas, caso seja contrária à homologação?

Edina Pitarelli - O Supremo vai analisar um processo de uma área que passou por todos os trâmites legais para que se consolidasse como terra indígena. Isso pode despertar interesse de outros grupos econômicos em Roraima e até em outros estados. É um precedente perigoso num momento em que os grupos anti-indígenas parecem ganhar força no cenário nacional. Mas nós não perdemos as esperanças. Acreditamos na imparcialidade da Justiça brasileira e, sobretudo, na mobilização dos indígenas da terra Raposa Serra do Sol que produziu frutos significativos em mais de 30 anos de lutas.

Entrevista por J. Rosha para Adital

Campanha Ficha Limpa ganha força pelo Brasil

Fonte - Adital
O Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE) realizará a 1º Mobilização Nacional em busca de mais assinaturas para o envio do Projeto de Lei de iniciativa popular sobre a Vida Pregressa dos Candidatos. O ato será realizado de 1 a 7 de setembro, durante a Semana da Pátria. A manifestação faz parte da Campanha Ficha Limpa.
Serão instalados nos estados e municípios brasileiros pontos de coletas de assinatura durante toda a semana. Mas de 110 mil assinaturas foram coletadas em apenas três meses de campanha em 22 estados brasileiros e o Distrito Federal. Para o envio do Projeto de Lei o Movimento precisa de 1% do eleitorado brasileiro, isso equivale a um milhão e trezentas mil assinaturas.

Ao todo são mais de 200 "Comitês 9840" já instalados pelo MCCE no Brasil. Estes comitês são responsáveis pelo esclarecimento do Plano de Lei e pela coleta de assinaturas. O objetivo do Projeto de Lei é alterar a Lei de Inelegibilidades tornando inelegíveis os políticos que tenham renunciado para fugir de cassações e políticos condenados em primeira instância por crimes graves.

Mesmo após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que liberou a disputa eleitoral para pessoas que respondem processos, a Campanha Ficha Suja prosseguiu com suas ações e objetivos. Segundo pesquisa divulgada pela AMB/VOX Populi, 88% da sociedade brasileira não aceitam candidatos que são condenados em primeira instância.

Para acompanhar o Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral acesse o site http://www.mcce.org.br.

12 de agosto de 2008

Diocese de Imperatriz adia sorteio de motos

Por Josafá Ramalho

A Diocese de Imperatriz adiou para o dia 20, próxima quarta-feira, o sorteio da promoção que está fazendo para arrecadar recursos para reformar o auditório do Centro Anajás, no bairro Bom Jesus.
O anúncio foi ontem, 12, pelo bispo Dom Gilberto Pastana e pelo padre Valdecir Martins durante entrevista a imprensa.

Hoje, 13, pelo sorteio da Loteria Federal a diocese iria sortear 04 motos suzuki. As cartelas da rifa estão sendo vendidas nas paróquias há pelos menos dois meses, mas o clero que ainda sente muito a morte de Dom Affonso Grégory, decidiu adiar.
-“ Ainda estamos chocados com tudo o que aconteceu. Não há como fazermos isso agora”- disse Valdecir Martins, numa referencia ao momento de pesar que a igreja vive.

Dom Gilberto pediu o empenho dos padres e dos leigos para que o sorteio alcance o objetivo, e informou que em cada paróquia da diocese os cupons estarão a venda até o final da tarde do dia 19.

O cupom para a rifa da diocese custa R$ 2,00 e a pessoa concorre a 04 motos zero km.

8 de agosto de 2008

Corpo de Dom Affonso só chega hoje em Imperatriz



Na Foto: Padre Felinto e Dom Affonso, quando o vigário geral visitou o bispo em tratamento no Rio Grande do Sul

Por Josafá Ramalho
O corpo de Dom Affonso Felipe Grégory que deveria ter chegado ontem a noite em Imperatriz só chega hoje. Um problema na documentação que deveria ser apresentada pela funerária de Porto Alegre que preparou o corpo, impediu o embarque.
Ainda ontem foi providenciado um outro vôo, com uma conexão que interligasse Porto Alegre a São Luis, mas isso provocaria um enorme atraso, tendo em vista que o corpo só chegaria a capital às 14Hs45.
O governo do Estado do Maranhão disponibilizou uma aeronave para que buscasse Dom Affonso em Recife (PE), evitando assim uma viagem que incluiria escalas em Guarulhos (SP) Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE) e Fortaleza (CE) até que chegasse ao Maranhão.
Às 06Hs10 uma equipe do Cerimonial do governo do Estado já aguardava o corpo que será transladado direto para Imperatriz, e deve chegar na cidade por volta das 09Hs30 para que aqui Dom Affonso receba as ultimas homenagens de amigos, familiares e do povo católico.
O bispo de Imperatriz Dom Gilberto Pastana, informou que a diocese manterá a programação elaborada antes, que inclui cortejo do aeroporto até a igreja de Santa Tereza D`Ávila, velorório, caminhada até a catedral e sepultamento no final da tarde deste sábado, 09.
As imãs de Dom Affonso, Lore e Therezinha Grégory desembarcaram ontem,08 a noite em Imperatriz acompanhadas de outras 08 pessoas membros da família e amigos do bispo emérito.
Vários bispos do Maranhão também chegaram a Imperatriz para prestar homenagens a Dom Affonso, juntamente com os padres e com Dom Gilberto eles celebram uma missa no início da noite.

7 de agosto de 2008

Revendo a história


O release abaixo descreve os momentos de emoção quando durante uma missa Dom Affonso se despediu do povo dele, e renunciou ao cargo de bispo da diocese de Imperatriz.
A matéria foi publica em 2005


Por Josafá Ramalho

Pascom/Imperatriz

Milhares de pessoas lotaram a catedral de Fátima na noite de sexta-feira, 4, durante a celebração da missa de despedida de Dom Affonso Felippe Gregory como bispo de Imperatriz.

Fiéis de todas as idades, movimentos e pastorais de Imperatriz e de outras cidades que integram a diocese fizeram questão em mostrar a gratidão e o carinho que sentem por um líder religioso que marcou a história do povo católico nas 25 paróquias da diocese nos últimos 18 anos.

Durante o canto processual Dom Affonso entrou na catedral repetindo um gesto de 18 anos: O braço erguido abençoando aos fiéis.

Um grupo de teatro expôs objetos pessoais que fizeram parte da caminhada do bispo: túnicas, sandálias e livros representaram de forma mais forte o compromisso de Dom Affonso com as causas sociais.

Cada um dos movimentos e pastorais ofereceu presente a Dom Affonso. O coordenador das pastorais sociais, Francisco Martins disse que "o formato e o preço das lembranças não significam nada diante do que elas representam: Respeito, carinho e agradecimento a quem durante 18 anos coordenou um rebanho agindo sempre com muita humildade, como se fosse uma das menores ovelhas".

Nascido na cidade de Estrela no Estado do Rio Grande do Sul, Affonso Gregory foi ordenado sacerdote no dia 25 de fevereiro de 1956 e sagrado bispo no dia 12 de outubro de 1979.

Ele foi bispo auxiliar do Rio de Janeiro, membro da equipe de coordenação geral da CNBB, presidente da Cáritas Brasileira, e da Cáritas Internacional por dois mandatos, membro da Academia Imperatrizense de Letras, presidente do Regional Nordeste 5 da CNBB e Coordenador do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais – Ceris.

Dom Affonso chegou em Imperatriz há 18 anos . Como primeiro bispo teve que dar estrutura a diocese.

Foi ele quem organizou o Centro de Pastoral onde cada uma das pastorais tem o seu escritório facilitando o trabalho de cada uma delas;
Reformou e ampliou o Centro Anajás, criando um espaço com capacidade para alojar mais de 150 pessoas em grandes encontros de formação dos católicos;

Outra ação marcante de Dom Affonso foi o trabalho realizado com meninos e meninas de rua, que nas décadas de 80 e 90 ocupavam as praças e avenidas, numa situação de risco para quem precisava de uma oportunidade;

Os investimentos sociais neste setor resultaram na construção do Promana, da Casa Familiar Rural em Coquelândia uma escola agrícola que dá formação aos filhos de lavradores, e na Creche Dom Affonso que atende crianças carentes;

Dom Affonso melhorou a estrutura da Vila João XXIII que atualmente atende a 38 pacientes com hanseníase. Além do tratamento, os pacientes da Vila João XXIII recebem alimentação e acompanhamento religioso;

As mulheres marginalizadas também receberam do bispo uma atenção muito especial: Na Pastoral da Mulher foram construídas salas para corte e costura, artesanato e uma ampla sala de reuniões para que elas tenham aprendizado e uma alternativa que não seja a prostituição;

Na estrada do Arroz, distante 30 km de Imperatriz, está localizada a Chácara São Raimundo. São 30 hectares de terra doadas para a diocese ainda na época de Dom Marcelino. Quando Dom Affonso assumiu a diocese, a Chácara só tinha mato. Hoje ela produz dois mil litros de leite por mês que são doados ao Promana, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a Vila João XXIII;

Uma preocupação de Dom Affonso na chácara São Raimundo foi preservar o babaçual. O côco produzido na Chácara é doado à famílias de povoados próximos.

Com a aquisição da Chácara Emaús no povoado Bananal, município de Edison Lobão, Dom Affonso viabilizou aos grupos, movimentos e pastorais um espaço agradável para retiros e lazer numa área que de dispõe de piscina, campo de futebol e churrasqueira, além de um grande espaço verde;

Para a formação de novos padres, a diocese comprou o seminário Bom Pastor em São Luis onde atualmente estudam 21 seminaristas;

Dom Affonso foi o grande motivador da TV Anajás repetidora da Rede Vida. Graças ao apoio dele, este ano novos equipamentos foram comprados. É sob a orientação dele que a TV mantém no ar uma programação local com noticias do que acontece na diocese;

Durante o período em que Dom Affonso foi bispo de Imperatriz, a diocese registrou grandes avanços nas áreas de catequese, construção de igrejas, capelas e centros catequéticos, todo esse trabalho só foi possível graças ao apoio recebido por Dom Affonso de instituições do exterior que financiaram grande parte desses empreendimentos e projetos sociais, além do apoio de pessoas de Imperatriz.

Foi com Dom Affonso que as pastorais sociais se fortaleceram: Os grandes atos públicos em defesa da vida e as grandes celebrações marcaram a história da diocese nos últimos 18 anos;

Defensor da criação do Maranhão do Sul, Dom Affonso indicou um representante da diocese para integrar o Comitê Central pró-criação do novo estado e sempre esteve presente nos encontros realizados no Maranhão e em Brasília, por exemplo, para discutir o projeto que tramita na Câmara no Senado.

Esta é última semana de Dom Affonso como administrador apostólico de Imperatriz, o sucessor dele, Dom Gilberto Pastana de Oliveira assume o cargo no domingo, 13, durante uma celebração campal às 6 da tarde na praça de Fátima.

Apaixonado por Imperatriz, Dom Affonso decidiu continuar morando na cidade ao se tornar bispo emérito.

NOTA DE PESAR

O presidente do Comitê Central pró-criação do Estado do Maranhão do Sul e secretário de Estado Extraordinário de Desenvolvimento do Sul do Maranhão, Fernando Antunes, manifesta profundo pesar pela morte do bispo emérito de Imperatriz, Dom Affonso Fellipe Grégory.
A diocese de Imperatriz perdeu um de seus grandes pastores e a luta pela criação do Maranhão do Sul perdeu um dos seus maiores idealistas.
Que o exemplo de dedicação, doação e integridade de Dom Affonso Grégory, seja para nós, e para as futuras gerações exemplos a serem seguidos.

Imperatriz, 08 de agosto de 2008

Fernando Antunes
Comitê Central pró-criação do Estado do Maranhão do Sul
Secretaria de Estado Extraordinária de Desenvolvimento do Sul do Maranhão

6 de agosto de 2008

Morre aos 78 anos o bispo emérito de Imperatriz Dom Affonso Grégory



(Na Foto: Dom Affonso e Dom Gilberto)

Por Josafá Ramalho
O bispo emérito de imperatriz tinha 78 anos de idade e sofria de Leucemina (câncer no sangue). A doença já o incomodava há nos, mas há 08 meses o estado dele se agravou durante um passeio que Dom Affonso fazia em Estrela no Rio Grande Sul , cidade onde nasceu.
De janeiro até ontem, 06 ele lutou contra a doença. Esperançoso, o bispo se mostrava sempre otimista e a leucemia parecia não o incomodar.
No final da semana passada, Dom Affonso de submeteu a uma cirurgia para a retirada de água de um dos pulmões, durante a operação ele passou mal, e a partir daí já não conseguiu reagir.
Dom Affonso morreu pouco depois das 20Hs00. No momento em que faleceu ele estava com as irmãs dele Lore Grégory e a freira Terezinha Gregóry que rezam o terço.
-“Enquanto rezávamos, segurávamos as mãos dele. Percebi que do rosto dele desceu uma lágrima, e Affonso suspirou”- disse emocionada Lore Grégory.
Ainda ontem a noite o bispo de Imperatriz, Dom Gilberto Pastana lamentou profundamente a morte do antecessor dele, e disse que Dom Affonso foi um exemplo de doação a igreja e aos povos mais sofridos.
Como era desejo dele, Dom Affonso será sepultado na catedral de Fátima, em Imperatriz. Antes de vir para o Maranhão o corpo dele será trasladado para Estrela, RS, cidade onde nasceu . Lá será velado na igreja onde Dom Affonso foi batizado, fez a primeira eucaristia e se crismou. O corpo dele chegará a Imperatriz nesta sexta-feira, 08.

Vida e trabalho de Dom Affonso
Dom Affonso Felipe Gregory foi ordenado padre no dia 25 de fevereiro de 1956, aos 26 anos. Foi o primeiro pároco de São Carlos, na Arquidiocese de Porto Alegre (1961-1962); professor no Seminário de Viamão; primeiro Diretor Executivo do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (1963-1980); membro da Equipe de Reflexão Teológico-Pastoral do CELAM (1956-1980); membro do Pontifício Conselho Cor Unum da Santa Sé em 1977; perito da Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Medellin (1968); membro da Comissão de Desenvolvimento e População da OEA (1968-1970).
No dia 2 de agosto de 1979, o Papa João Paulo II designou Affonso Gregory para a função de bispo auxiliar do Rio de Janeiro, com a sé titular de Drusiliana. Foi ordenado bispo pelas mãos do Cardeal Eugênio Sales, Dom Adriano Mandarino Hypólito, e Dom Waldyr Calheiros Novaes.
No dia 16 de julho de 1987, Dom Affonso foi designado para ser o primeiro bispo de Imperatriz. Ele foi ainda Presidente da Cáritas Brasileira e Responsável pelo Setor da Pastoral Social da CNBB (1983-1990); Presidente da Cáritas Internacional (1991-1999); Presidente do CERIS (1981).
Renunciou ao cargo de bispo de Imperatriz no dia 3 de agosto de 2005, sendo sucedido por Dom Gilberto Pastana de Oliveira.

Aids 2008 aborda a questão das crianças e dos Profissionais do sexo

Fonte - Adital

Os investigadores e os líderes científicos e comunitários reunidos na Cidade do México na XVII Conferência Internacional sobre a AIDS (AIDS 2008) receberam hoje uma atualização das possibilidades futuras de erradicar o HIV e foram convidados a prestar mais atenção e recursos para as crianças afetadas e a rechaçar as estratégias não aprovadas que ignoram as realidades dos (das) profissionais do sexo.
"As persistências de HIV nos focos latentes apresenta um grande desafio para o objetivo último de erradicar o HIV do corpo humano", disse o Dr. Pedro Cahn, Co-Presidente Internacional de AIDS 2008 e Presidente da Sociedade Internacional de SIDA e da Fundação Huésped em Buenos Aires, Argentina. "Assim mesmo os investigadores lutam por responder tanto esta como outras perguntas científicas chaves, não podemos descartar o conhecimento relacionado com a prevenção e o tratamento que já possuímos nos dias de hoje".

"Ignorar as necessidades das crianças afetadas pelo HIV e continuar marginalizando aos grupos em maior risco de infecção somente nos conduzirá a novas infecções e a menos quantidade de pessoas com baixo tratamento", disse o Dr. Luis Soto Ramírez, Co-Presidente Local de AIDS 2008 e chefe da Unidade de Virología Molecular, do Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição Salvador Zubirán, e Coordenador do Comitê de Cuidado Clínico de CONASIDA, Conselho Nacional sobre SIDA de México. "Pagaremos por semelhante bobagem no futuro."

Em sua mensagem na plenária, Linda Richter sustentou que enquanto as crianças infectadas têm tido grande visibilidade em fotografias e em manchetes sobre a AIDS, suas necessidades reais têm sido passadas por alto. Hoje em dia existe um número aproximado de milhões de crianças vivendo com HIV e muitas mais são diretamente afetadas pela epidemia através da enfermidade e a morte de seus pais ou tutores, as angústias emocionais, as privações materiais e a falta de aceso ao tratamento, ao cuidado, aos serviços básicos de saúde e à educação.

Elena Reynaga (Argentina), da RedTraSex, tornou público um pedido comovedor pelo reconhecimento de todos os direitos dos (das) profissionais do sexo, e a favor da atitude das organizações de profissionais do sexo para desenvolver e implementar programas efetivos de HIV/AIDS baseados em suas realidades. De acordo com Reynaga, os esforços atuais para reduzir a prevalência de VIH entre os profissionais do sexo se limitam a um financiamento inadequado e a investimentos em programas que não cobrem as necessidades reais dessa população.

A noticia é de Prensa Sida 2008

esquisa aponta redução da taxa de pobreza

Fonte - Adital
Pesquisa aponta que a melhoria de renda dos trabalhadores não acompanhou plenamente os ganhos de produtividade da indústria brasileira
Três milhões de pessoas saíram da pobreza, nas seis principais regiões metropolitanas do País (Recife, Salvador, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro), entre os anos de 2002 e 2008. Esse foi um dos resultados da pesquisa, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada ontem (5) que revela números da pobreza e da riqueza no Brasil metropolitano.

Os números apontaram uma redução da taxa de pobreza nessas seis regiões de 32,9% para 24,1%, somando 11,356 milhões de pessoas vivendo na faixa de pobreza. Os pobres são definidos como aqueles que possuem renda per capita igual ou inferior a meio salário mínimo (R$ 207,50). A quantidade de indigentes, pessoas que vivem com até um quarto do salário mínimo (R$103,75), também caiu: passou de 5,562 milhões, em 2002, para 3,123 milhões, em 2008.

O número de novos ricos aumentou 28,1 mil entre 2002 e 2008. Em 2002, as pessoas consideradas ricas nas seis regiões, aquelas com renda igual ou maior do que 40 salários mínimos (R$ 16,6 mil) correspondiam a 448,4 mil. Em 2008, esse número aumentou para 476,596 mil. Porém, a participação de ricos no total da população nessas seis regiões metropolitanas permanece estável, registrando em 1%.

"O crescimento produtivo do país veio acompanhado de uma melhora na renda das famílias em todas as faixas, implicando uma queda no número de pobres no país e mesmo, mais recentemente, uma elevação no número de pessoas de alta renda (ricos). Contudo, mesmo com números alvissareiros, é necessário notar que os significativos ganhos de produtividade não estão sendo repassados aos salários, indicando que os detentores dos meios de produção podem estar se apoderado de parcela crescente da renda nacional", afirma o texto de apresentação da pesquisa.

Os dados disponíveis na pesquisa apontam que a remuneração dos trabalhadores não tem acompanhado plenamente os ganhos de produtividade da indústria brasileira. Entre 2001 e 2008, houve aumento da produção física na indústria brasileira na ordem de 28,1%, com ganhos de produtividade do trabalhador de 22,6%.

A folha de pagamento por trabalhador, em contrapartida, cresceu, em termos reais, 10,5%, o que leva a uma queda no Custo Unitário do Trabalho (CUT) - entendido como a razão entre o rendimento real médio por trabalhador ocupado e a produtividade - de 10,2% no mesmo período de tempo.

A maior queda na pobreza foi observada na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde o número de pessoas pobres caiu de 38,3% da população em 2002 para 23,1% da população em 2008. Recife e Salvador foram as regiões metropolitanas que apresentaram as maiores taxas de pobreza no período analisado, com respectivamente 43,1% e 37,4% de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza.

São Paulo e Rio de Janeiro possuem a maior quantidade de pobres em números absolutos, com respectivamente 4,0 e 2,6 milhões de pessoas em 2008. Porém, essas suas regiões apresentaram as maiores reduções no número de pobres entre 2002 e 2008: em São Paulo o número de pobres diminuiu em 1,152 milhão de pessoas, enquanto no Rio de Janeiro a queda foi de 571 mil pessoas.

4 de agosto de 2008

Igreja de Imperatriz sofre, gravidade do estado de saúde de Dom Affonso comove

Por Josafá Ramalho
Médicos informaram no início da noite desta segunda-feira, 04 que o estado de saúde do bispo emérito de Imperatriz, Dom Affonso Grégory é muito grave e já não há esperanças de que ele reaja ao tratamento contra a leucemia (câncer no sangue)
Dom Affonso está internado no hospital Mãe de Deus em Porto Alegre, onde deu entrada a 14 dias depois de sentir-se mal em Imperatriz e retornar as pressas para o Rio Grande do Sul..
Dom Affonso descobriu que tinha a doença há 08 meses quando visitava familiares em Estrela, no Rio Grande do Sul, cidade onde nasceu.
Na sexta-feira, Dom Affonso foi submetido a uma cirurgia para a retirada de água de um dos pulmões, durante o processo operatório o quadro clínico se agravou e ele foi levado para o CTI do hospital onde respira com a ajuda de aparelhos.
Ainda segundo os médicos, o bispo já não reconhece quem fala com ele, e o coração parece funcionar com dificuldades.
Ontem durante entrevista a um telejornal da cidade, o vigário geral da diocese, padre Felinto Elizio tentou tranqüilizar aos fiéis, mas também reconheceu a gravidade do problema.
Felinto disse durante a entrevista que quando ainda com bastante saúde, Dom Affonso pediu que fosse sepultado na catedral de Fátima. “Não queremos que ele se vá, mas um dia quando for, esse desejo dele será realizado”, disse o vigário geral ontem a tarde em conversas com paroquianos da catedral.
O bispo de Imperatriz, Dom Gilberto Pastana retorna hoje de Santarém, para acompanhar de Imperatriz, toda a situação que envolve o seu antecessor. Antes de viajar, Dom Gilberto pediu aos padres e ao povo católico que rezassem pela saúde de Dom Affonso.
Em Porto Alegre, o bispo emérito de Imperatriz é acompanhado por familiares e amigos. No fim de semana o vice-governador Pastor Luis Carlos foi ao hospital onde visitou o amigo.
Nas ruas, nas paróquias, católicos de Imperatriz estão tristes, parecem sofrer a mesma dor que sofre o seu primeiro bispo.
Acolhedor e sempre bem humorado, Dom Affonso sentia orgulho em dizer que era bispo de Imperatriz, sempre se referia aos fiéis os chamando de “Meu povo”.

Vida e trabalho de Dom Affonso
Dom Affonso Felipe Gregory foi ordenado padre no dia 25 de fevereiro de 1956, aos 26 anos. Foi o primeiro pároco de São Carlos, na Arquidiocese de Porto Alegre (1961-1962); professor no Seminário de Viamão; primeiro Diretor Executivo do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (1963-1980); membro da Equipe de Reflexão Teológico-Pastoral do CELAM (1956-1980); membro do Pontifício Conselho Cor Unum da Santa Sé em 1977; perito da Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Medellin (1968); membro da Comissão de Desenvolvimento e População da OEA (1968-1970).
No dia 2 de agosto de 1979, o Papa João Paulo II designou Affonso Gregory para a função de bispo auxiliar do Rio de Janeiro, com a sé titular de Drusiliana. Foi ordenado bispo pelas mãos do Cardeal Eugênio Sales, Dom Adriano Mandarino Hypólito, e Dom Waldyr Calheiros Novaes.
No dia 16 de julho de 1987, Dom Affonso foi designado para ser o primeiro bispo de Imperatriz. Ele foi ainda Presidente da Cáritas Brasileira e Responsável pelo Setor da Pastoral Social da CNBB (1983-1990); Presidente da Cáritas Internacional (1991-1999); Presidente do CERIS (1981).
Renunciou ao cargo de bispo de Imperatriz no dia 3 de agosto de 2005, sendo sucedido por Dom Gilberto Pastana de Oliveira.

3 de agosto de 2008

Estado de saúde de Dom Afonso é grave


É grave o estado de saúde do bispo emérito de Imperatriz, Dom Afonso Felipe Grégory. Ele está internado no hospital Mãe de Deus no Rio Grande do Sul, onde a pouco mais de uma semana retomou o tratamento para enfrentar a leucemia.
Por telefone, Dom Afonso conversou na manhã de sexta-feira, 01, com o assessor de imprensa da Diocese de Imperatriz, Josafá Ramalho, na oportunidade disse sentir-se “debilitado e sem apetite”. Sempre atencioso para com a imprensa e aos fiéis de onde foi o primeiro bispo, ele pediu desculpas por não “ está em condições” naquele momento para gravar uma entrevista.
Ainda na sexta-feira, Dom Afonso foi submetido a uma cirurgia para a retirada de água de um dos pulmões. Durante o processo operatório o estado dele se agravou e o bispo teve de ser levado ao CTI do hospital.
Na tarde deste sábado, 02, os médicos informaram que somente depois de 24 horas será possível fazer um melhor dignóstico da situação.
Ele está sendo acompanhado por familiares e amigos do Rio Grande do Sul.
O bispo de Imperatriz, Dom Gilberto Pastana que está em Santarem, acompanha a cada instante o estado de saúde de Dom Afonso, e voltou a pedir aos católicos que rezem pela recuperação da saúde dele.
O vice-governador do Maranhão, Pastor Luis Carlos que está em Santa Catarina manifestou desejo de estender a agenda dele no sul do país para fazer uma visita a Dom Afonso.
Aqui em Imperatriz o vigário geral da Diocese padre Felinto Elizio, também pediu os fiéis que se juntem em orações pela plena recuperação de Dom Afonso.