12 de setembro de 2011

Dez mil participam de Romaria em Pequiá



Foto: José Bispo

Os números da policia e da igreja revelam a grandiosidade da 11ª Romaria da Terra e das Águas, realizada na noite do sábado, 10 para o domingo, 11 em Pequiá, município de Açailândia, Diocese de Imperatriz.
A programação que começou às 08Hs00 da noite do sábado reuniu católicos de todas a dioceses do Maranhão. Os romeiros vieram em caravanas, carro próprio, ônibus de linha ou de carona, o importante era entrar para a história participando de um dos maiores encontros já realizados pelo Regional Nordeste V da CNBB. Grande no número de pessoas e no debate proposto pela igreja, que este ano discutiu o tema: Terra, Água, Direitos: Resistir, Defender e Construir, e o Lema: É Tempo de Destruir os Sistemas que Destroem a Terra.
E de cada região do Maranhão vieram os clamores de comunidades que enfrentam graves problemas provocados por projetos, que segundo a igreja, deixam pequenos grupos mais ricos, e empobrecem cada vez uma maioria marginalizada.
E foi assim. Durante toda a noite grupos, movimentos e pastorais se revezaram em um grande palco montado no campo de futebol de Pequiá de cima. Dos índios de Barra do Corda veio o grito pedindo mais assistência da Funai, melhoria no atendimento à saúde e respeito às etnias; As quebradeiras de coco pediram a preservação dos babaçuais, e depois deles, se seguiram outras participações.
Entre uma apresentação e outra, animadores como Reginaldo Santana, Marco Aurélio e diversos outros de cada diocese animavam a multidão, madrugada adentro.
Toda a programação foi transmitida por uma cadeia de rádio para várias dioceses e pela inetrnet. A transmissão foi resultado de uma parceria que recebeu o apoio dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Imperatriz e de João Lisboa, vereador Raimundo Roma ( de Imperatriz) Mult Scap Auto Center, Secretaria Municipal da Mulher que tem como titular Conceição Formiga católica e membro do Conselho Regional de Leigos e o apoio do Sindicato dos Bancários do Maranhão.
Ás seis da manhã, os romeiros iniciaram uma caminhada de quatro quilômetros até o povoado Pequiá de Baixo, onde vivem trezentas famílias que sofrem por causa do ar poluído jogado nos ares pelas siderúrgicas.
Foi preciso a intervenção das policias Rodoviária Federal e Militar para ajudar no trajeto. A equipe de organização previa como planejado, que apenas um lado da BR 222, que liga Açailandia a São Luis fosse ocupada pelos romeiros, mas a multidão ocupou os dois lados da pista, houve um enorme engarrafamento. Os motoristas foram informados do que estava acontecendo, e em nome da igreja recebiam pedidos de desculpas pelo transtorno.
Do alto de um caminhão usado como palco, diretores da Associação de Moradores do povoado se juntaram aos bispos e padres, e denunciaram que apesar das tentativas de negociações, inclusive na Justiça, os grupos empresariais responsáveis pelos empreendimentos nunca se propuseram a remanejar as famílias, que já estavam lá, quando as siderúrgicas chegaram.
Foi o bispo de Imperatriz e presidente do Regional Nordeste V da CNBB, Dom Gilberto Pastana que leu a carta aberta dos bispos do Maranhão. No documento, a igreja responsabiliza o Estado pelo sofrimento das famílias, e condenou a “miséria provocada pela ganância”.
Em entrevista a imprensa, o bispo de Bacabal, Dom Armando Matin Gutierrez disse que Pequiá é apenas um dos exemplos, e acrescentou que a soja em Balsas, a hidrelétrica em Estreito e tantos outros grandes projetos anunciados como a redenção da pobreza e alternativas de progresso, crucificam o povo mais pobre, oprimem quem já vive em situação de penúria.