Com tantos parlamentares experientes nesta legislatura, foi o estreante Clodovil Hernandes (PTC-SP) quem conseguiu na tarde de terça-feira, o que muito veterano jamais alcançou: ser ouvido por um Plenário cheio e silencioso. Mas o silêncio não foi por acaso ou por interesse em sua mensagem, mas porque Clodovil repreendeu a platéia:- Não sei o que é decoro, falta de decoro. Acho que é ficar conversando quando outro está falando - disse Clodovil da tribuna, o que chamou a atenção dos colegas.Ele lia um discurso afirmando que nunca antes pensara em ser deputado, mas agora, eleito, queria fazer o bem, e que seu compromisso era "com a verdade, com a lealdade, com a beleza, e claro, com a felicidade". Ao perceber que não estava sendo ouvido, Clodovil chamou a atenção dos deputados e disse:- Não sei porque tanto barulho; isso aqui parece mais uma feira, nem na tv é assim - disse o deputado que conseguiu uma brecha na sessão para fazer o discurso.O painel eletrônico registrava a presença de 330 parlamentares e Clodovil disse que veio para falar de verdades e bondades.- Bondade que pode vir ao pensarmos primeiro namaioria e no bem comum ao aprovarmos uma lei, ao defendermos uma causa - disse.Mas depois de ler um trecho, ele incluía "cacos" que mostram a falta de experiência na Casa. Foi o que aconteceu quando alguém do plenário perguntou-lhe sobre medidas provisórias.-Não sei, não vou fazer um vestido...E acrescentou um trecho com recomendações aos colegas:- Vamos nos esforçar e tentar trocar a soberba pela humildade: não somos fonte de nossos bens materiais e espirituais, temos que reconhecer o nosso nada diante do Universo.Clodovil foi aparteado por Paulo Maluf. Antes, ele pediu "deixa acabar antes de lhe dar a palavra". Maluf fez questão de marcar presença no discurso do colega havia chamado para si a atenção do plenário. Disse que Clodovil era polêmico "e diz para fora o que é por dentro".Ao final do discurso, o deputado Jair Bolsonaro, um dos mais polêmicos da Casa, aplaudiu sozinho Clodovil.
Fonte: Cristiana Lôbo
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