Cardeal dom Hummes rebateu insatisfações do governo brasileiro e
de setores da ala conservadora da Igreja Católica com os rumos do encontro de
bispos.
O cardeal dom frei Claudio Hummes, O.F.M. escolhido pelo papa
Francisco como relator do Sínodo da Amazônia, afirmou que os críticos do
encontro de bispos católicos no Vaticano têm "interesses ameaçados".
O cardeal rebateu insatisfações do governo brasileiro e de setores da ala
conservadora da Igreja Católica com os rumos do encontro de bispos, programado
para outubro, no Vaticano. Ele citou reportagens que mostraram as preocupações
e a desconfiança do Palácio do Planalto e a campanha aberta contra o sínodo
feita por grupos conservadores católicos.
"Ouvimos vozes contrárias, vozes que resistem, vozes que têm
medo e vozes que têm interesses muito fortes que se sentem um tanto ameaçados. Tudo
isso que ouvimos por todos esses dias, ainda ontem (terça-feira, 27) a imprensa
estava cheia desses assuntos, sobretudo, os jornais de São Paulo, o Estado de
S. Paulo", disse o cardeal ao abrir uma reunião de bispos da Amazônia
brasileira no Pará.
Cardeal Cláudio Hummes é o principal nome à frente do sínodo. Ele
preside a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) e a Comissão Episcopal Especial
para a Amazônia (CEA). Ele preparou um documento sobre problemas
socioambientais da Amazônia e o papel evangelizador da Igreja na região, com
consultas a populações originárias, a pedido do papa.
Dom frei Cláudio Hummes avaliou que a onda de incêndios florestais
em países amazônicos, sobretudo no Brasil, despertou o interesse pelo sínodo no
mundo ocidental e provocou um debate internacional que "projetou" a
importância da assembleia religiosa. Os bispos pretendiam discutir as queimadas
no encontro do Pará para levar o tema a Roma.
"Cada vez mais sentimos importância do processo sinodal, como
de fato é fundamental esse sínodo para o nosso tempo. Cada vez mais o mundo
inteiro vai se envolvendo nessa problemática. Algumas coisas proporcionaram
isso mais fortemente, como foram os incêndios aqui em toda essa região e que
despertou de forma muito forte até mesmo polêmicas, muitos ruídos a respeito da
Amazônia, de seu significado, de sua importância, de sua pertença e assim por
diante", disse aos religiosos no Pará. "Está se tornando algo que
está sendo seguido por todo mundo, pelo menos o mundo ocidental, talvez, a
Europa e nós aqui."
Agência Estado