4 de março de 2009

Cassação de Jackson Lago provoca reações



Por Josafá Ramalho

A noticia da cassação do mandato do governador Jackson Lago (PDT) e do vice dele, pastor Luis Carlos Porto (PPS) provocou reações em Imperatriz.
Programas locais de TV que ouviram as pessoas nas ruas registraram manifestações de revolta e indignação.
A dona de casa Maria Antonia, tentava entender o que havia acontecido. Ela disse ficar surpresa com decisão do Tribunal Superior Eleitoral, nome que não conseguiu pronunciar sozinha e foi ajudada pelo filho de 16 anos.
Da classe política também vieram manifestações. O presidente da Câmara de vereadores, Hamilton Miranda (PSDB) reagiu dizendo que a vontade do povo não foi respeitada.
O secretario de desenvolvimento do Sul do Maranhão Fernando Antunes, disse logo cedo, em entrevista a uma emissora de TV que “o Maranhão está de luto e que a democracia no Estado foi sepultada”.
As palavras do secretário motivaram outras reações. Procurado por um grupo de mulheres da cidade, ele foi sugerido, a exemplo delas, a usar roupas pretas ou uma fita escura na camisa e no braço, que simbolizavam a tristeza que o povo agora sente.
Na secretaria do Sul do Maranhão o expediente foi normal nesta quarta-feira, mas apesar dos esforços dos funcionários, o dia foi diferente dos demais.
Durante a tarde, Fernando Antunes manteve contato com o governador. Falou do sentimento de tristeza do povo sul maranhense e reafirmou apoio incondicional a Jackson Lago.
-“Tenho certeza de que esse sentimento é partilhado por todo Maranhão afora e que muitos irmãos nossos também estão de luto”- disse Fernando Antunes, apontado para um laço preto preso na camisa que vestia.

Jackson diz que resistirá, com o risco da própria vida, ao domínio de Sarney



Por Manoel Santos Neto

O governador Jackson Lago declarou, nesta madrugada, logo após o julgamento do TSE, que irá resistir, com o risco da própria vida, ao domínio do grupo Sarney no Maranhão. Falando para a multidão que se aglomerou no Acampamento Balaiada, em frente ao Palácio dos Leões, Jackson foi enfático ao dizer que não irá se dobrar aos caprichos do sarneisismo.

“Nós temos o dever, nós temos a obrigação de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, com o risco da nossa própria vida, para mostrar ao Brasil o que é o sarneisismo. O que eles fazem aqui, e o que eles fazem lá fora”, discursou o governador, sob uma chuva fina que caia na Avenida Pedro II.

Ele se dirigiu à multidão, acompanhado de diversos deputados, prefeitos e lideranças de movimentos sociais, e proferiu palavras de agradecimento às manifestações de apoio e solidariedade que recebeu. “A única maneira, a única forma que eu tenho de agradecer a confiança de grandes contingentes que lutaram para esta mudança, a única forma que eu tenho de agradecer ao nosso povo é dizer que contem comigo porque eu continuarei na luta”.

Para o governador, o julgamento de ontem no TSE foi mais uma demonstração do quanto é difícil enfrentar as elites do Maranhão e as elites do Brasil. “Mas nós moldamos a nossa formação nesse enfrentamento”, afirmou, explicando que os seus advogados irão ingressar na Justiça com as medidas judiciais cabíveis.

“Paralelamente a isto, nós temos vamos buscar outros caminhos, porque este é o nosso dever e a nossa responsabilidade perante aqueles contingentes de pobres e de excluídos que foram às ruas e que foram às praças, e que votaram contra esta elite que nos domina há 40 anos”, ressaltou o governador. Ele disse ainda que o Brasil precisa saber que no Maranhão tem muita gente que não se dobra e não se verga ao domínio das elites e dos poderosos.

Caciquismo - “Seguramente, boa parte da população espera que nós encontremos um caminho. Vamos aguardar o resultado das ações dos nossos advogados. Mas quero dizer também que tenho consciência das minhas responsabilidades com as esperanças e com os anseios da maioria da população do nosso Estado. Podem ficar seguros: aqueles que entenderem que nós devemos lutar também para defender o voto de cada mulher e de cada homem contem comigo. Contem comigo. Não é possível que, com nossa omissão, o Brasil continue sem conhecer este caciquismo que aqui está implantado há mais de 40 anos”.

Ao agradecer a todos os que foram para as ruas na defesa do direito do voto da maioria do povo do Maranhão, o governador se emocionou e disse que, se necessário for, “a nossa vida está aí para que o Brasil todo possa conhecer a realidade do Maranhão. Parabéns a toda a nossa militância. E vamos continuar a luta”.

Recurso – O ex-ministro do STF Francisco Rezek, que defende o governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT) e o vice-governador, Luiz Carlos Porto (PPS), afirmou hoje que vai recorrer para manter seus clientes nos cargos. Rezek afirmou que esgotará todos os recursos, mas que é contrário às articulações políticas para garantir que fiquem nas funções.

“Sem dúvida vamos recorrer, no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] inicialmente e a que mais for possível”, disse Rezek. “A situação não é essa [de articulação política] pois isso já provou que não dá certo [referindo-se ao caso do governador cassado da Paraíba Cássio Cunha Lima] . É uma luta no foro, aí começou e aí deve terminar.”

Como a imprensa do Maranhão divulgou a cassação de Jackson Lago




Do UOL Notícias
Em São Paulo
Seguindo a tendência que coloca em lados opostos o grupo que apoia a família Sarney e os aliados do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), a imprensa maranhense destacou de forma distinta a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de cassar o mandato do pedetista por cometer irregularidades durante a campanha eleitoral de
2006.
Com a cassação de Lago, o TSE definiu que a senadora Roseana Sarney (PMDB), que ficou na segunda colocação na disputa, assumirá a vaga após todos os recursos da defesa de Lago serem analisados pela corte.

O jornal "O Estado do Maranhão", principal diário maranhense, que pertence à família Sarney, destacou na manchete: "Jackson cassado". No portal de Internet do grupo, a manchete pela manhã era "Cassação de Jackson repercute na imprensa", com links para portais nacionais que destacaram a decisão do TSE.

Na primeira página do jornal "O Imparcial", do grupo Diários Associados, simpático ao governo de Lago, deu a manchete "TSE cassa Jackson", sobre uma foto de simpatizantes do governador chorando com a bandeira do Estado em mãos após a decisão da Corte. Na manchete do portal do diário, destaque para a frase de Lago: "A luta continua", com links para vídeos do discurso do governador após a cassação.

Já o "Jornal Pequeno", tradicionalmente de oposição à família Sarney e ligado ao governador cassado, também destacou a decisão no alto de sua primeira página, com foto dos ministros do TSE. Na home page do jornal, sob a manchete falando da cassação, destaque para os enunciados "Governo cria programa para combater a pobreza no Maranhão" e "Dutra denuncia que Sarney já é dono de quase metade das áreas da Raposa", citando denúncia feita pelo deputado federal Domingos Dutra, presidente do PT no Maranhão, de que o presidente do Senado teria fechado praias na cidade litorâneas que estariam em suas propriedades.

Além da batalha jurídica no TSE, os grupos rivais trocam acusações por meio dos veículos de comunicação do Maranhão. No início de fevereiro, o jornal Folha de S.Paulo revelou grampos da Polícia Federal de conversas entre Sarney e seu filho Fernando, que dirige empresas da família e é investigado pela PF.

Na conversa, eles falam sobre o uso de empresas de comunicação da família, a TV Mirante (afiliada da Rede Globo) e o jornal "O Estado do Maranhão", para veicular denúncias contra rivais. Por outro lado, aliados de Sarney no Estado acusam Lago de utilizar a Secretaria de Comunicação do Estado para financiar veículos de comunicação que atacam a família do presidente do Senado.

TSE cassa mandatos de governador e vice do Maranhão



Por 5 votos a 2, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) determinou nesta terça-feira a cassação dos mandatos do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), e do vice-governador, Luiz Carlos Porto (PPS). Eles são acusados de cometer irregularidades durante a campanha eleitoral de 2006, quando foram eleitos. Votaram a favor da cassação o relator do processo, o minsitro Eros Grau, e os ministros Carlos Ayres Britto, Ricardo Lewandowski, Félix Fisher e Fernando Gonçalves. Foram contra a cassação dos mandatos os ministros Marcelo Ribeiro e Arnaldo Versiani.

Em uma segunda etapa do julgamento, os ministros da Corte decidiram que a senadora Roseana Sarney (PMDB), segunda colocada nas eleições de 2006, deve ser empossada como nova governadora do Maranhão. No entanto, o TSE decidiu, também, numa terceira etapa do julgamento, que isso só deverá acontecer após o julgamento de todos os recursos (embargos declaratórios) que os advogados do governador e do vice impetrarão.