4 de março de 2009

Jackson diz que resistirá, com o risco da própria vida, ao domínio de Sarney



Por Manoel Santos Neto

O governador Jackson Lago declarou, nesta madrugada, logo após o julgamento do TSE, que irá resistir, com o risco da própria vida, ao domínio do grupo Sarney no Maranhão. Falando para a multidão que se aglomerou no Acampamento Balaiada, em frente ao Palácio dos Leões, Jackson foi enfático ao dizer que não irá se dobrar aos caprichos do sarneisismo.

“Nós temos o dever, nós temos a obrigação de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, com o risco da nossa própria vida, para mostrar ao Brasil o que é o sarneisismo. O que eles fazem aqui, e o que eles fazem lá fora”, discursou o governador, sob uma chuva fina que caia na Avenida Pedro II.

Ele se dirigiu à multidão, acompanhado de diversos deputados, prefeitos e lideranças de movimentos sociais, e proferiu palavras de agradecimento às manifestações de apoio e solidariedade que recebeu. “A única maneira, a única forma que eu tenho de agradecer a confiança de grandes contingentes que lutaram para esta mudança, a única forma que eu tenho de agradecer ao nosso povo é dizer que contem comigo porque eu continuarei na luta”.

Para o governador, o julgamento de ontem no TSE foi mais uma demonstração do quanto é difícil enfrentar as elites do Maranhão e as elites do Brasil. “Mas nós moldamos a nossa formação nesse enfrentamento”, afirmou, explicando que os seus advogados irão ingressar na Justiça com as medidas judiciais cabíveis.

“Paralelamente a isto, nós temos vamos buscar outros caminhos, porque este é o nosso dever e a nossa responsabilidade perante aqueles contingentes de pobres e de excluídos que foram às ruas e que foram às praças, e que votaram contra esta elite que nos domina há 40 anos”, ressaltou o governador. Ele disse ainda que o Brasil precisa saber que no Maranhão tem muita gente que não se dobra e não se verga ao domínio das elites e dos poderosos.

Caciquismo - “Seguramente, boa parte da população espera que nós encontremos um caminho. Vamos aguardar o resultado das ações dos nossos advogados. Mas quero dizer também que tenho consciência das minhas responsabilidades com as esperanças e com os anseios da maioria da população do nosso Estado. Podem ficar seguros: aqueles que entenderem que nós devemos lutar também para defender o voto de cada mulher e de cada homem contem comigo. Contem comigo. Não é possível que, com nossa omissão, o Brasil continue sem conhecer este caciquismo que aqui está implantado há mais de 40 anos”.

Ao agradecer a todos os que foram para as ruas na defesa do direito do voto da maioria do povo do Maranhão, o governador se emocionou e disse que, se necessário for, “a nossa vida está aí para que o Brasil todo possa conhecer a realidade do Maranhão. Parabéns a toda a nossa militância. E vamos continuar a luta”.

Recurso – O ex-ministro do STF Francisco Rezek, que defende o governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT) e o vice-governador, Luiz Carlos Porto (PPS), afirmou hoje que vai recorrer para manter seus clientes nos cargos. Rezek afirmou que esgotará todos os recursos, mas que é contrário às articulações políticas para garantir que fiquem nas funções.

“Sem dúvida vamos recorrer, no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] inicialmente e a que mais for possível”, disse Rezek. “A situação não é essa [de articulação política] pois isso já provou que não dá certo [referindo-se ao caso do governador cassado da Paraíba Cássio Cunha Lima] . É uma luta no foro, aí começou e aí deve terminar.”
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