1 de outubro de 2007

Cerca de 235 mil crianças trabalham em vias públicas

Adital

A Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) do Brasil em 2007 foi divulgada na manhã de hoje (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostra que nos últimos dez anos (1996-2006) os dados quantitativos de freqüência e defasagem escolar de crianças e jovens no país cresceram e melhoraram, respectivamente, de modo significativo.
Cerca de 25,7% dos alunos do ensino fundamental estavam defasados na correlação idade/série em 2006, num universo de 32,5 milhões de estudantes. Em 1996, essa taxa era de 43,9%. Mas a defasagem escolar reduzida se deve em grande parte à adoção da progressão continuada (aprovação automática), o que pode estar produzindo um problema, já que muitas vezes os estudantes passam de ano sem terem realmente aprendido o conteúdo. A aprovação continuada é implantada em mais de 10% dos estabelecimentos de ensino do Brasil.

Quanto à freqüência à escola, na faixa de 4 a 6 anos, ela aumentou em mais de 40% em dez anos. Entre as crianças e adolescentes, na faixa etária de 7 a 14 anos, a freqüência escolar era de 97,6% no ano passado, não havendo diferenças marcantes de gênero ou cor. O rendimento das famílias tem grande influência no acesso e permanência das crianças e jovens na escola.

O trabalho infantil, um forte empecilho para a ida das crianças à escola, também teve uma redução. Na faixa de 10 a 15 anos, caiu de 3,6 milhões para 2,5 milhões. Mas 235 mil crianças de 10 a 17 disseram aos entrevistadores da pesquisa que trabalham em vias públicas.

"O trabalho ilegal de crianças mantém-se predominantemente agrícola e concentrado no Nordeste. Entre os 2,7 milhões de trabalhadores entre 5 e 15 anos, 1,4 milhão estavam na atividade agrícola e aproximadamente 776 mil estavam ocupados na agricultura em estados nordestinos", relata o estudo.

Em relação às taxas de analfabetismo a diferença entre grupos étnicos, no entanto, é destacável: em números absolutos, em 2006, entre cerca de 14,4 milhões de analfabetos brasileiros, mais de 10 milhões eram pretos e pardos.

Em 2006, a taxa de analfabetismo funcional também era muito menor para brancos (16,4%) do que para pretos (27,5%) e pardos (28,6%). O analfabetismo está concentrado nas camadas mais pobres, nas áreas rurais, especialmente do Nordeste, mas o SIS ressalta que, entre 1996 e 2006, o percentual de jovens de 15 a 24 anos analfabetos reduziu-se bastante, chegando a 5,8%.

Na média de anos de estudo da população maior de 15 anos, os brancos têm uma vantagem de dois anos em relação a pretos e pardos. A distribuição por cor ou raça dos que freqüentavam escola com idade entre 18 e 24 anos mostrava também significativas diferenças enquanto 56% dos brancos nessa faixa eram estudantes de nível superior ou terceiro grau, entre pretos e pardos, o percentual era de 22%.

As desigualdades sociais brasileiras com base na raça e na cor são também explicitadas no que se refere à participação econômica. Entre os 10% mais pobres do país, 26,1% são brancos e mais de 73% eram pretos e pardos. No 1% da população mais rica, 86% eram brancos e 12 eram pretos e pardos. Segundo o estudo, essas diferenças são verificadas em todas as grandes regiões.

Para o levantamento do IBGE, a melhoria das condições de habitação dos brasileiros, com um aumento relativo do número de domicílios com saneamento básico, estão contribuindo para reduzir as mortes infantis. Alagoas, o estado com pior índice, tem 51,9 mortes para cada mil crianças nascidas.
Comentários
0 Comentários