7 de agosto de 2008

Revendo a história


O release abaixo descreve os momentos de emoção quando durante uma missa Dom Affonso se despediu do povo dele, e renunciou ao cargo de bispo da diocese de Imperatriz.
A matéria foi publica em 2005


Por Josafá Ramalho

Pascom/Imperatriz

Milhares de pessoas lotaram a catedral de Fátima na noite de sexta-feira, 4, durante a celebração da missa de despedida de Dom Affonso Felippe Gregory como bispo de Imperatriz.

Fiéis de todas as idades, movimentos e pastorais de Imperatriz e de outras cidades que integram a diocese fizeram questão em mostrar a gratidão e o carinho que sentem por um líder religioso que marcou a história do povo católico nas 25 paróquias da diocese nos últimos 18 anos.

Durante o canto processual Dom Affonso entrou na catedral repetindo um gesto de 18 anos: O braço erguido abençoando aos fiéis.

Um grupo de teatro expôs objetos pessoais que fizeram parte da caminhada do bispo: túnicas, sandálias e livros representaram de forma mais forte o compromisso de Dom Affonso com as causas sociais.

Cada um dos movimentos e pastorais ofereceu presente a Dom Affonso. O coordenador das pastorais sociais, Francisco Martins disse que "o formato e o preço das lembranças não significam nada diante do que elas representam: Respeito, carinho e agradecimento a quem durante 18 anos coordenou um rebanho agindo sempre com muita humildade, como se fosse uma das menores ovelhas".

Nascido na cidade de Estrela no Estado do Rio Grande do Sul, Affonso Gregory foi ordenado sacerdote no dia 25 de fevereiro de 1956 e sagrado bispo no dia 12 de outubro de 1979.

Ele foi bispo auxiliar do Rio de Janeiro, membro da equipe de coordenação geral da CNBB, presidente da Cáritas Brasileira, e da Cáritas Internacional por dois mandatos, membro da Academia Imperatrizense de Letras, presidente do Regional Nordeste 5 da CNBB e Coordenador do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais – Ceris.

Dom Affonso chegou em Imperatriz há 18 anos . Como primeiro bispo teve que dar estrutura a diocese.

Foi ele quem organizou o Centro de Pastoral onde cada uma das pastorais tem o seu escritório facilitando o trabalho de cada uma delas;
Reformou e ampliou o Centro Anajás, criando um espaço com capacidade para alojar mais de 150 pessoas em grandes encontros de formação dos católicos;

Outra ação marcante de Dom Affonso foi o trabalho realizado com meninos e meninas de rua, que nas décadas de 80 e 90 ocupavam as praças e avenidas, numa situação de risco para quem precisava de uma oportunidade;

Os investimentos sociais neste setor resultaram na construção do Promana, da Casa Familiar Rural em Coquelândia uma escola agrícola que dá formação aos filhos de lavradores, e na Creche Dom Affonso que atende crianças carentes;

Dom Affonso melhorou a estrutura da Vila João XXIII que atualmente atende a 38 pacientes com hanseníase. Além do tratamento, os pacientes da Vila João XXIII recebem alimentação e acompanhamento religioso;

As mulheres marginalizadas também receberam do bispo uma atenção muito especial: Na Pastoral da Mulher foram construídas salas para corte e costura, artesanato e uma ampla sala de reuniões para que elas tenham aprendizado e uma alternativa que não seja a prostituição;

Na estrada do Arroz, distante 30 km de Imperatriz, está localizada a Chácara São Raimundo. São 30 hectares de terra doadas para a diocese ainda na época de Dom Marcelino. Quando Dom Affonso assumiu a diocese, a Chácara só tinha mato. Hoje ela produz dois mil litros de leite por mês que são doados ao Promana, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a Vila João XXIII;

Uma preocupação de Dom Affonso na chácara São Raimundo foi preservar o babaçual. O côco produzido na Chácara é doado à famílias de povoados próximos.

Com a aquisição da Chácara Emaús no povoado Bananal, município de Edison Lobão, Dom Affonso viabilizou aos grupos, movimentos e pastorais um espaço agradável para retiros e lazer numa área que de dispõe de piscina, campo de futebol e churrasqueira, além de um grande espaço verde;

Para a formação de novos padres, a diocese comprou o seminário Bom Pastor em São Luis onde atualmente estudam 21 seminaristas;

Dom Affonso foi o grande motivador da TV Anajás repetidora da Rede Vida. Graças ao apoio dele, este ano novos equipamentos foram comprados. É sob a orientação dele que a TV mantém no ar uma programação local com noticias do que acontece na diocese;

Durante o período em que Dom Affonso foi bispo de Imperatriz, a diocese registrou grandes avanços nas áreas de catequese, construção de igrejas, capelas e centros catequéticos, todo esse trabalho só foi possível graças ao apoio recebido por Dom Affonso de instituições do exterior que financiaram grande parte desses empreendimentos e projetos sociais, além do apoio de pessoas de Imperatriz.

Foi com Dom Affonso que as pastorais sociais se fortaleceram: Os grandes atos públicos em defesa da vida e as grandes celebrações marcaram a história da diocese nos últimos 18 anos;

Defensor da criação do Maranhão do Sul, Dom Affonso indicou um representante da diocese para integrar o Comitê Central pró-criação do novo estado e sempre esteve presente nos encontros realizados no Maranhão e em Brasília, por exemplo, para discutir o projeto que tramita na Câmara no Senado.

Esta é última semana de Dom Affonso como administrador apostólico de Imperatriz, o sucessor dele, Dom Gilberto Pastana de Oliveira assume o cargo no domingo, 13, durante uma celebração campal às 6 da tarde na praça de Fátima.

Apaixonado por Imperatriz, Dom Affonso decidiu continuar morando na cidade ao se tornar bispo emérito.
Comentários
0 Comentários