9 de novembro de 2008

Construção de siderúrgica já está afetando comunidades locais

Fonte: Adital
O Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS) vai lançar, no Rio de Janeiro, na próxima segunda-feira (10), um dossiê sobre impactos da obra do conglomerado industrial-siderúrgico-portuário ThyssenKrupp CSA Siderúrgica do Atlântico, que instalará a nova siderúrgica da empresa alemã na zona oeste do Rio de Janeiro.

O documento é uma compilação das provas de impacto ambiental e social que a obra vai causar nas comunidades locais. "É preciso dar visibilidade a esse tipo de projeto, pois, além dele, estão previstas mais outras duas siderúrgicas na região do Rio de Janeiro. Devemos questionar essas obras porque vão ter impacto diretamente na vida da sociedade civil do Rio de Janeiro", afirma Karina Kato, do PACS.

O dossiê traz dados sobre o descumprimento de leis ambientais, violações de direitos humanos, trabalho degradante e mortes na obra. Inclui informações sobre o empreendimento, o acordo de investimento do BNDES com o TKCSA, apesar da destruição ambiental e contaminação química, a poluição da Baía de Sepetiba - que está provocando diversas deformidades nos peixes.

Além disso, o documento mostra os abusos da empresa, por meio do descumprimento de um embargo feito pelo IBAMA, a violação de direitos dos pescadores e as ações que tramitam no Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho e Justiça Estadual.

Segundo o PACS, o empreendimento atingirá muitas e diversificadas populações tradicionais, como os quilombolas que residem na Marambaia, índios (próximo a Tarituba e em outras ilhas), caboclos, caiçaras e pescadores artesanais, que estão na Região de Sepetiba. A assessora do Instituto, Karina Kato, ressalta que as audiências junto às comunidades locais foram marcadas por manipulações: "Houve compra de lideranças, grupos de milícias acompanhando as reuniões. Além disso, grande parte da população local não tem consciência do que está acontecendo".

O conglomerado inclui a construção de uma ponte de acesso de quatro quilômetros e
um píer de 700 metros, que será destinado ao recebimento de carvão importado. De acordo com o PACS, a obra está provocando grande impacto ambiental e prejuízos à atividade pesqueira por meio da remoção de cerca de 21,8 milhões de metros cúbicos de lama contaminada por metais pesados do fundo da Baía de Sepetiba, sendo esta
lama enterrada a seguir na própria baía (no fundo do mar) em inseguras cavas, denominadas CDFs (Confined Disposal Facility ou, em português, Área de Disposição Confinada).

A planta industrial em construção situa-se no bairro de Santa Cruz, em uma área de nove mil metros quadrados, na zona oeste do Rio de Janeiro, e terá investimento de cerca de 13 bilhões de reais. É considerado o maior investimento estrangeiro privado feito no Brasil nos últimos dez anos e o maior projeto do setor siderúrgico no País. Atualmente, há 18 mil funcionários fazendo o estaqueamento e as fundações. A previsão para início das operações da TKCSA é dezembro de 2009.

O empreendimento produzirá 5,5 milhões de toneladas anuais de placas de aço,
sendo que serão transportadas 250 mil chapas anualmente, das quais 100 mil
serão processadas nas usinas da ThyssenKrupp Steel localizadas na Alemanha. Toda a produção de aço será exportada.
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