29 de novembro de 2007

Corrupção, segurança e discriminação preocupam jovens brasileiros

Fonte Adital -
O Brasil tem 17,9 milhões de habitantes entre 15 e 19 anos. Muito além de festas e diversão, esses jovens estão sintonizados com a necessidade de valorização da educação, a criação de novos empregos, o combate à corrupção, o repúdio ao racismo e a urgência de deter a escalada da violência. Prova disso revela-se nos dados apresentados pela pesquisa "Adolescentes e jovens do Brasil: participação social e política", lançada hoje (28) pelo Fundo das Nações Unidas (UNICEF), Fundação Itaú Social e o Instituto Ayrton Senna.
A pesquisa foi realizada em âmbito nacional e foi aplicada entre 3.010 jovens adolescentes moradores de capitais e do interior de todas as regiões. Os pesquisados eram pessoas de diferentes níveis de escolaridade, renda e raça, que estão ou não inseridos no mercado de trabalho. O questionário foi aplicado também a 210 jovens adolescentes indígenas de 15 municípios brasileiros. Para a pesquisa qualitativa, também foram ouvidos 42 adolescentes de oito capitais e duas cidades do interior, e organizados dez grupos de discussão com jovens que já exerceram algum tipo de liderança.

Segundo a pesquisa, ao responder a questão sobre qual seria o fator responsável pelos problemas sociais do Brasil, os entrevistados indicam em primeiro lugar a corrupção política (27%); em segundo, a discriminação racial (17%); e em terceiro, a falta de segurança (15%). Na região onde moram, 57% dos adolescentes sentem-se insatisfeitos ou muito insatisfeitos em relação à segurança pública. Entre 28% deles, o tráfico de drogas é a forma de violência mais evidente. Outros itens de extrema relevância social também foram mencionados, como o desemprego (7%) e a pobreza/fome/miséria (6%).

Já entre os jovens indígenas, a principal preocupação apontada foi praticamente esquecida pelos outros grupos: a falta de interesse do povo pela proteção do meio ambiente. Um total de 9% dessa população, em comparação à média de 4% no geral, ressaltou a questão do meio ambiente como problema social enfrentado pelo país. Quando solicitados a apontar três itens referentes aos problemas sociais do país, esse número sobe para 26% entre os indígenas, em uma média de 15% dos entrevistados em geral.

O desenvolvimento da pesquisa teve como objetivo contribuir com as ações de promoção dos direitos dessa população e estimular um processo participativo de jovens adolescentes na sociedade. Dados da pesquisa a revelam a percepção de diferentes grupos em relação ao que consideram questões prioritárias para o desenvolvimento do país e apontam caminhos importantes para a formulação e implementação de políticas públicas que envolvem a faixa etária entre 15 e 19 anos.

Apesar dos problemas apontados, os jovens destacam que faltam referências positivas sobre como efetivamente participar e mudar a história, seja no âmbito da família, da escola, da comunidade ou em relação à política, esporte, lazer e cultura. Eles atribuem à sociedade em geral, mais do que ao próprio jovem a responsabilidade por essa falta de participação.

De acordo com dados da pesquisa, a discriminação entre os jovens está ligada ao nível educacional dos mesmos. Um total de 41% dos entrevistados com formação até a 4ª série do ensino fundamental sente-se discriminado. Entre os que têm escolaridade da 5ª a 8ª série, a porcentagem chega a 35%. Esse número é reduzido para 28% entre os que estão no ensino médio ou superior. Quando perguntados sobre os motivos por que deixaram a escola, os três principais motivos que explicam a evasão são: precisar trabalhar (24%); gravidez (13%); e dificuldade financeira (9%).

De acordo com os dados da pesquisa, os jovens adolescentes brasileiros parecem estar mais conscientes sobre suas vulnerabilidades e sobre a importância de aumentar seu autocuidado e sua autoproteção. A dependência de drogas (28%) e a Aids (26%) são citados como os problemas de saúde mais críticos para os entrevistados. As doenças sexualmente transmissíveis (9%) e o alcoolismo (7%) também são mencionados. Os que demonstram insatisfação com as políticas de saúde são 54% dos entrevistados.

Para os jovens, a geração de renda pelo trabalho é a solução para a desigualdade social. Quatro em cada 10 entrevistados se referem ao aumento de postos de trabalho ou empregos para reduzir as desigualdades. Quem mais reivindica essa medida são os entrevistados da região Nordeste (50%), justamente onde o desemprego é maior.

Para acessar o documento completo clicar: http://www.unicef.org/brazil/voz2007.pdf
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