23 de janeiro de 2008

Mortalidade infantil cai, mas está longe de alcançar os Objetivos do Milênio

Fonte: Adital
Pela primeira vez nas últimas décadas, a taxa mundial de mortalidade infantil está abaixo de 10 milhões, 9,7 milhões. No entanto, o dado, divulgado hoje (22) no relatório "Situação Mundial da Infância 2008" do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), está longe de alcançar as metas do Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) - previstas para serem cumpridas até 2015. Para cumpri-las, o mundo terá que reduzir o número de mortes de crianças em ritmo muito mais rápido do que o registrado desde 1990.
O ODM número 4 visa reduzir em dois terços a taxa global de mortalidade infantil entre 1990 e 2015. Como em 1990 esse número era de cerca de 13 milhões, o cumprimento do ODM 4 implica uma redução de 50% no número de mortes de crianças durante os próximos sete anos, caindo para menos de cinco milhões por ano, ou menos de 13 mil mortes por dia. O relatório mostra também que as causas de morte de crianças, na maioria, são completamente evitáveis.

Nesse sentido, o Unicef pede uma ação conjunta dos governos para alcançar os milhões de crianças ainda excluídas das intervenções de saúde. A cada dia, em média, mais de 26 mil crianças menores de 5 anos de idade morrem em todas as partes do mundo. Quase todas vivem no mundo em desenvolvimento.

Na América Latina e no Caribe, os níveis de redução da mortalidade infantil desde 1990 foram surpreendentes, pois essa taxa caiu em quase 50%. Mas de cada mil crianças nascidas na região, 15 mil morrem antes de completar 24 horas de vida e a taxa de mortalidade de menores de 5 anos ficou abaixo de 30 mortes por mil nascidos vivos. Números ainda bastante inferiores aos dos países industrializados.

O Unicef aponta algumas causas para essa diferença entre as regiões: Serviços de saúde e nutrição carentes de recursos, ineficazes e culturalmente inadequados; insegurança alimentar; práticas alimentares inadequadas; falta de higiene e de acesso a água limpa ou a condições de saneamento adequadas; analfabetismo da mulher e gravidez precoce.

Para os pesquisadores do relatório, normalmente essas crianças morrem "sem acesso a serviços de saúde essenciais e recursos básicos que poderiam salvá-las da morte. Algumas crianças sucumbem a infecções respiratórias ou diarréicas que atualmente já não constituem ameaças nos países industrializados, ou morrem devido a doenças da primeira infância, como o sarampo, que podem ser facilmente evitadas por meio de vacinas".

Também segundo o relatório, em cerca de 50% das mortes de menores de 5 anos, uma causa subjacente é a desnutrição, que priva o corpo e a mente da criança pequena dos nutrientes necessários para seu crescimento e seu desenvolvimento. Água de má qualidade, saneamento precário e higiene inadequada contribuem ainda para a mortalidade e a morbidade de crianças.

O que torna o alcance dos ODM ainda mais difícil é o fato de que "a maior parte dos esforços deve concentrar-se nas situações e circunstâncias mais difíceis: nos países mais pobres, em meio às localidades e comunidades mais depauperadas, isoladas, ignorantes e marginalizadas, em nações devastadas pela aids, por conflitos, por governos fracos e por situações crônicas de baixo investimento em sistemas de saúde pública e em infra-estrutura material", disse o relatório.

Sexto ODM

O sexto Objetivo de Desenvolvimento do Milênio busca reduzir as cargas imensas provocadas pelo HIV e pela Aids, pela malária e por outras doenças importantes. Também ele tem profundo impacto direto e indireto sobre os bebês e as crianças. Além do número de bebês infectados com HIV, que mostra que 50% morrerão antes de completar 2 anos de idade, outras 15 milhões de crianças menores de 18 anos serão afetadas com a morte de um de seus pais, ou ambos. Na América Latina e no Caribe, hoje, cerca de 54 mil crianças, entre 0 e 14 anos, vivem com HIV.
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