10 de maio de 2008

Bispos denunciam que sofrem ameaças de morte no Pará

Fonte - Adital
Mais de 300 pessoas ameaçadas de morte. Assim é a situação no Pará, onde a defesa dos direitos humanos se confronta com os interesses de fazendeiros e traficantes e a vida humana passa a ter um preço, amplamente divulgado pelos executores das tarefas. Desta vez, a denuncia de ameaça de morte partiu de três bispos: Dom José Luiz Azcona, de Marajó; Dom Flávio Giovenale, de Abaetetuba, e Dom Erwin Kräutler, do Xingu. Em comum, eles têm a luta contra a exploração sexual de crianças.
A prática de divulgar o preço pela cabeça de lideranças "é uma apologia ao crime. É um grito à consciência dos senhores deputados e senadores", disse Dom José Azcona ao pedir que os parlamentares busquem solução para a violência no Pará. Além da exploração sexual de crianças, o bispo de Marajó denunciou o tráfico de mulheres - especialmente em direção a Guiana Francesa - e a falta de um plano de desenvolvimento para a região que ouça a população local.

Ontem (06) pela manhã, os bispos estiveram em Brasília, onde fizeram a denúncia, junto ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) e, à tarde, participaram de uma audiência pública proposta pela Comissão da Amazônia da Câmara dos Deputados. Durante a audiência, eles denunciaram a situação em suas regiões. O pároco de Anapu, padre José Amaro Lopes de Souza, que também é ameaçado de morte, participou da audiência.

O bispo do Xingu, dom Erwin Kräutler, já anda acompanhado por três policias 24h por dia. "Perdi a liberdade de ir e vir e de exercer a missão que tenho como bispo", disse. A razão? Não ter se calado diante da morte da Irmã Dorothy e ter exigido a punição para o assassino e o mandante do crime. Ele denunciou a existência de "um consórcio do crime" na região. Mas mesmo vivendo "num terrorismo psicológico", ele afirmou que não vai deixar Altamira.

Uma Comissão do CDDPH visitará autoridades do Pará entre os dias 19 e 20 de maio. Entre as reivindicações dos bispos estão: uma maior presença do Estado para coibir a violência, apuração rigorosa para saber de onde vêm as ameaças às lideranças, punição exemplar para os criminosos e segurança para os ameaçados. Para dom Azcona, essas ameaças indicam "que a sociedade está doente, moribunda e a cidadania não existe".

A audiência de ontem resultará em um relatório que será entregue ao presidente Luis Inácio Lula da Silva, para que ele conheça a situação da violência no Pará. A presidente da Comissão para a Amazônia, Janete Capiberibe, disse que vai pedir ao presidente que constitua uma força-tarefa para buscar as soluções.

O bispo de Abaetetuba, dom Flavio, disse que é preciso que o Estado atue na repressão ao crime e na prevenção, para que os problemas sejam solucionados. Ele pediu que se promova melhorias na educação como forma de combater a violência, já que a região tem alto índice de evasão escolar.

Com informações da CNBB
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