4 de junho de 2008

O desmatamento na Amazonia aumentou, e a tendencia é piorar

Fonte -Maxpressnet

O Mato Grosso foi novamente o campeão do desmatamento da floresta amazônica neste mês de abril: dos 1.123 km2 destruídos (uma área equivalente a quase toda a cidade do Rio de Janeiro), 794 km2 estão no estado mato-grossense - segundo os dados divulgados hoje à tarde pelo sistema de Detecção em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Em março, foram detectados 112,4 km2 de área desmatada ou alterada no Mato Grosso, mas a cobertura de nuvens no estado, de 69%, era alta. Já em abril, a cobertura de nuvens se limitou a 14%, o que permitiu que os satélites registrassem 794,1 km2 com alerta de desmatamento no Mato Grosso. Isso significa dizer que 70,7 % da destruição florestal detectada pelo Deter na Amazônia no mês de abril aconteceu no Mato Grosso.

Outros estados ainda estão com muitas nuvens, como o estado do Pará - bom concorrente em termos de destruição com o estado do Mato Grosso. Mas com o aumento do preço da soja e da carne bovina, a tendência é de que o Mato Grosso seja novamente o campeão da destruição entre 2007/2008, apesar da polêmica levantada há alguns meses pelo governador Blairo Maggi sobre a confiabilidade dos dados do Deter. "Além de ter dado claros sinais em favor da substituição das florestas pelo agronegócio, o governo Maggi não investiu o suficiente nas medidas contra o desmatamento e o governo federal deixou de implementar várias metas previstas no seu próprio Plano de Ação contra o desmatamento", afirma Marcelo Marquesini, da Campanha Amazônia.

"Os dados do Deter para o mês de abril vêm confirmar que o governo federal não pode de modo algum recuar mais nas medidas adotadas desde dezembro, principalmente a restrição de financiamento para quem desrespeita questões fundiárias e critérios ambientais no bioma Amazônia. O ministro Minc terá que cumprir a sua palavra", declara Marquesini. Na última quinta-feira (29), durante a Convenção de Diversidade Biológica (CDB), em Bonn, na Alemanha, o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, reafirmou que, a partir de 1º de julho, nenhuma propriedade com situação fundiária ou ambiental irregular no bioma receberá créditos públicos ou privados. "Não haverá crédito para desmatar", ele afirmou na coletiva de imprensa do evento, referindo-se à Amazônia.

"O pior é que os meses críticos para o desmatamento ainda estão por vir: junho, julho e agosto e se esta tendência se confirmar, a taxa de desmatamento voltou a crescer, conforme o Greenpeace já vinha anunciando desde meados de 2007", afirma Marquesini.
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