Por meio de nota, divulgada
nesta quinta-feira, 26, em coletiva de imprensa na sede provisória da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), a
presidência da CNBB manifestou mais uma vez sua apreensão e indignação com a
grave realidade político-social vivida pelo país, que afeta tanto a população
quanto as instituições brasileiras. No texto, a entidade repudia a falta de
ética que se instalou nas instituições públicas, empresas, grupos sociais e na
atuação de inúmeros políticos que “traindo a missão para a qual foram eleitos,
jogam a atividade política no descrédito”.
A Conferência criticou também a apatia e o desinteresse pela
política, que cresce cada dia mais no meio da população brasileira, inclusive
nos movimentos sociais. Apesar de tudo, a entidade diz que é preciso vencer a
tentação do desânimo, pois só uma reação do povo, consciente e organizado, no
exercício de sua cidadania é capaz de purificar a política e a esperança dos
cidadãos que “parecem não mais acreditar na força transformadora e renovadora
do voto”.
Da CNBB
Confira, abaixo, a nota na íntegra:
Nota
da CNBB sobre o atual momento político
“Aprendei a fazer o bem, buscai
o que é correto, defendei o direito do oprimido” (Is 1,17)
A Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil-CNBB, através de seu Conselho Permanente, reunido em Brasília
de 24 a 26 de outubro de 2017, manifesta, mais uma vez, sua apreensão e
indignação com a grave realidade político-social vivida pelo País, afetando
tanto a população quanto as instituições brasileiras.
Repudiamos a falta de ética,
que há décadas, se instalou e continua instalada em instituições públicas,
empresas, grupos sociais e na atuação de inúmeros políticos que, traindo a
missão para a qual foram eleitos, jogam a atividade política no descrédito. A
barganha na liberação de emendas parlamentares pelo Governo é uma afronta aos
brasileiros. A retirada de indispensáveis recursos da saúde, da educação, dos
programas sociais consolidados, do Sistema Único de Assistência Social (SUAS),
do Programa de Cisternas no Nordeste, aprofunda o drama da pobreza de milhões
de pessoas. O divórcio entre o mundo político e a sociedade brasileira é grave.
A apatia, o desencanto e o
desinteresse pela política, que vemos crescer dia a dia no meio da população
brasileira, inclusive nos movimentos sociais, têm sua raiz mais profunda em
práticas políticas que comprometem a busca do bem comum, privilegiando
interesses particulares. Tais práticas ferem a política e a esperança dos
cidadãos que parecem não mais acreditar na força transformadora e renovadora do
voto. É grave tirar a esperança de um povo. Urge ficar atentos, pois, situações
como esta abrem espaço para salvadores da pátria, radicalismos e
fundamentalismos que aumentam a crise e o sofrimento, especialmente dos mais
pobres, além de ameaçar a democracia no País.
Apesar de tudo, é preciso
vencer a tentação do desânimo. Só uma reação do povo, consciente e organizado,
no exercício de sua cidadania, é capaz de purificar a política, banindo de seu
meio aqueles que seguem o caminho da corrupção e do desprezo pelo bem comum.
Incentivamos a população a ser protagonista das mudanças de que o Brasil
precisa, manifestando-se, de forma pacífica, sempre que seus direitos e
conquistas forem ameaçados.
Chamados a “esperar contra toda
esperança” (Rm 4,18) e certos de que Deus não nos abandona, contamos com a
atuação dos políticos que honram seu mandato, buscando o bem comum.
Nossa Senhora Aparecida,
Padroeira do Brasil, anime e encoraje seus filhos e filhas no compromisso de
construir um País justo, solidário e fraterno.
Brasília, 26 de outubro de
2017