21 de maio de 2008

Seminário aponta alternativas para Turismo Sustentável

Fonte - Adital
Entre os dias 12 e 15 de maio, o II Seminário Internacional de Turismo Sustentável, realizado em Fortaleza-CE, reuniu organizações, pesquisadores e movimentos sociais de 19 estados do Brasil e 13 países da América e da Europa. Por meio de painéis, oficinas, rodas de conversas, os participantes trocaram experiências na tentativa de construir um turismo comunitário/solidário, baseado na autonomia das culturas locais, na conservação ambiental e na Socieconomia Solidária.
Para o coordenador do evento, Jefferson Souza, do Instituto Terramar, o resultado do seminário superou as expectativas. De acordo com o coordenador, a possibilidade de articulação e de parcerias entre os povos torna o diálogo mais proveitoso. "O turismo tradicional mostra um território vazio de gente. Queremos resgatar a identidade e a autonomia desses povos", afirma.

Jefferson acredita que o turismo comunitário deve enfrentar alguns desafios comuns à maioria das comunidades. O primeiro deles é a conquista de políticas públicas e de infra-estrutura básica para essas localidades. A estrutura turística também necessitaria de mais crédito para aumentar os investimentos em serviços. Além disso, há ainda o processo de formação das comunidades hospitaleiras e de fortalecimento da identidade cultural dos povos.

Apesar de ser um processo longo e difícil, Jefferson afirma que o mais importante é desencadear uma reflexão sobre o território no qual essas populações se encontram. "Não há grandes movimentos financeiros nesse tipo de turismo. Porém, vemos a melhoria de infra-estrutura do ambiente e o empoderamento das pessoas nesses locais. Há ganho material e imaterial", ressalta.

As experiências de turismo comunitário no Ceará começaram em 1998. De lá para cá, muitas comunidades aderiram ao novo modelo. No seminário, foi lançada a Rede Tucum - Rede Cearense de Turismo Comunitário, composta por 12 comunidades do estado. A rede tem como objetivo articular o turismo integrado ao desenvolvimento sociocultural das comunidades.

No término do encontro, foi divulgada a Declaração de Fortaleza, na qual os movimentos sociais apontam os desafios do turismo comunitário na disputa de espaço com o turismo tradicional dos grandes hotéis. Segundo as organizações, esse turismo é marcado pelo autoritarismo e exclusão, ou inclusão subordinada das populações locais, em benefício de grandes grupos econômicos privados, que obtêm lucros, apropriando-se dos territórios e dos patrimônios naturais, explorando as populações locais e dizimando suas culturas.

"Destacamos que os modos de vida que vinculam as populações tradicionais aos ecossistemas locais, estreitamente relacionados aos processos históricos de resistência às lógicas colonizadoras e degradadoras do meio ambiente, são pano de fundo de onde surgem processos criativos de implementação do turismo comunitário e solidário de base comunitária, como expressão de um projeto de vida que afirma culturas diversas, empodera sujeitos, defende territórios, respeita processos ecológicos e estão orientados por uma economia compatível com a solidariedade", afirma a declaração.
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